Crítica: A vida invisível
Por Chico Izidro
O novo longa de Karim Aïnouz, A Vida Invisível, retrata o forte machismo da sociedade brasileira na década de 1950, sob a ótica de duas irmãs. A obra é baseada no romance “A Vida Invisível de Eurídice Gusmão”, livro de Martha Batalha, e roteirizado por Murilo Hauser, Inês Bortagaray e Karim Aïnouz. No Rio de Janeiro daquela época, Eurídice Gusmão (Carol Duarte e Fernanda Montenegro na terceira idade) é uma jovem que sonha em se tornar pianista e estudar no conservatório de Viena.
Já sua irmã Guida (Julia Stockler), é praticamente o oposto, mostrando-se desinibida e mais fogosa. Um dia Guida decide fugir com seu namorado, um marinheiro grego. Porém, ao chegar a Atenas, descobre que o rapaz não era tudo o que ela esperava. Grávida, decide voltar para casa. Porém, seu pai, o conservador comerciante português Manuel (Antônio Fonseca) não admite ter embaixo de seu teto uma jovem solteira e com um filho e expulsa a menina.
O pai a considera morta e assim conta para Euridice – que acaba casando com um homem tão conservador e machista quanto, Antenor (Gregório Duvivier). Ele não admite que a esposa saia para estudar piano, deixando de lado as obrigações caseiras.
E ao longo dos anos, segue Guida criando o filho Francisco, trabalhando como operária numa fábrica e sendo acolhida por Filomena (Bárbara Santos) na periferia do Rio de Janeiro. E sempre tentando entrar em contato com Eurídice, mas uma série de desencontros faz com que elas se mantenham afastadas, mas sem nunca perderem a esperança de se encontrarem novamente.
A obra é um melodrama, mas sem cair em exageros. A reconstituição do Rio de Janeiro dos anos 1950 é primorosa, e as atrizes Carol Duarte e Julia Stockler fazem atuações espetaculares. Quase no final, surge Fernanda Montenegro, que em poucos minutos na tela, está avassaladora, mostrando porque é a principal estrela nacional.