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Publicado por em jul 25, 2019 em Artigos |

Curso Cinemas Chineses, de Jean-Michel Frodon

Por Bia Zasso

Ser um admirador do cinema oriental em um país como o Brasil não é uma tarefa fácil. Salvo algumas mostras e parcos lançamentos em cinemas comerciais, conhecer e admirar produções do oriente é quase uma odisseia. Por esse e outros motivos, o curso Cinemas Chineses, ministrado pelo crítico Jean-Michel Frodon durante o Seminário Internacional O Estado da Crítica, em Porto Alegre foi um bálsamo de conhecimento e troca de experiências.

Dividido de uma forma que pudesse abranger ao máximo as produções da China, de Hong Kong e de Taiwan, o curso passeou por estilos e diretores, demarcando a forma como a Sétima Arte reflete a realidade dessas três regiões próximas, porém com diferenças bem marcantes entre si. Ao começar por um panorama dos primeiros anos do cinematógrafo na China, Frodon apresentou um cinema com grande influência da Ópera de Pequim. A organização por gerações ajuda a demarcar de forma clara os objetivos de cada grupo de cineastas surgido no país.

Sempre fazendo questão de ressaltar realizadoras mulheres, Frodon apresentou de forma clara e bem-humorada o que as telas chinesas, conhecidas como “sombras elétricas”, apresentaram nestes mais de 100 anos. Um ponto que vale ressaltar é a importância que o ministrante deu às produções da Shaw Brothers, estúdio comandado pelos irmãos Run e Runme Shaw. Em terras ocidentais, é comum muitos críticos olharem com desconfiança para os filmes de arte marciais coreografados e coloridos da produtora, mas Frodon em nenhum momento demonstrou fazer parte dessa turma. O que soa como picardia e diversão sem conteúdo para alguns, é uma amostra do poder das artes marciais para o cinema, ressaltado pela exibição de O Grande Mestre, de Wong Kar-Wai. As três aulas de Frodon não foram apenas marcadas pela enorme quantidade de informações, nomes complicados de dizer e escrever e dezenas de cenas discutidas. Foram encontros que apresentaram um novo mundo para muitos dos seus participantes e realçaram ainda mais a potência dos vários cinemas produzidos na China. Um tipo de curso que faz você deixar a classe sedento por mais filmes e sabendo que isso é só o começo do sedutor caminho do oriente.