Mais que na hora
por Maria do Rosário Caetano (*)
Por que o Rio Grande do Sul, sede de um dos mais tradicionais festivais de cinema do país (o de Gramado), terceiro pólo brasileiro de produção cinematográfica, território de várias escolas audiovisuais e foco geográfico de excelente revista especializada – a Teorema (já no décimo segundo número) – não dispunha de uma associação de críticos?
A cada ano, quando a atuante Associação dos Críticos do Rio de Janeiro comandava, em Gramado, a reunião responsável pela atribuição do respeitado prêmio da crítica, eu me perguntava: mas por que um Estado com tamanha massa crítica e tradicional poder de aglutinação de suas categorias profissionais (em associações, sindicatos e cooperativas) não reúne seus críticos, pesquisadores e professores de cinema em uma associação?
Pois, finalmente, nasceu a ACCIRS (Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul), que – de agora em diante – assume a coordenação do júri da crítica no Festival de Gramado, compartilhando tal tarefa com a Associação de Críticos do Rio de Janeiro.
São Paulo dispõe, há mais de 50 anos, da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), dividida em núcleos (por linguagem, seja teatro, artes plásticas, música erudita, música popular, televisão, literatura e, claro, cinema). Que ela, a APCA, também se agregue ao coletivo da crítica, através de seu núcleo de cinema.
Que da ação dessas três entidades (e de outras novas, que venham a surgir nas demais unidades da federação) nasça uma série de procedimentos capaz de zelar por escolhas qualificadas e justas dos melhores (e mais inovadores) filmes exibidos nos principais festivais brasileiros.
Se a Fipresci (Federação Internacional da Imprensa Cinematográfica) tem se encarregado, com grande credibilidade, de descobrir filmes e talentos, nos festivais, mundo a fora, doravante contamos com a ACCIRS, a ACRJ e APCA para dignificar os necessários julgamentos da crítica cinematográfica brasileira.
(*) Jornalista e pesquisadora, colaboradora da Revista de Cinema e autora, entre outros, de Cineastas Latino-Americanos – Entrevistas eFilmes, Cangaço – O Nordestern do Cinema Brasileiro e 40 Anos do Festival de Brasília