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Publicado por em nov 23, 2024 em Críticas, Destaque |

V Festival Cinema Negro em Ação :: “Deixa” (2023), por Marina Terres

V Festival Cinema Negro em Ação :: “Deixa” (2023), por Marina Terres

O amor não é justo. A pulsão de um amor que não se concretiza; um amor quente, delicado, onusto de paixão e de todas as angústias: é a este amor triste, para não dizer trágico, que nos atentamos em Deixa (2023).Escrito e dirigido pela baiana Mariana Jaspe, o curta metragem oferece uma narrativa tranquila, mas ardente, que gira em torno de Carmen, uma mulher idosa que aproveita de seu último dia de “liberdade” antes do retorno de seu marido da prisão. No decorrer da obra, acompanhamos uma noite que Carmen compartilha, no início um pouco hesitantemente, com seu jovem amante, Pedro (maravilhosamente interpretado por Dan Ferreira), até o melancólico desfecho de seu encontro . A história mostra um paradoxo claro entre a liberdade e o aprisionamento no instante em que Carmen e seu marido notoriamente abusivo e violento trocam de papéis, passando a ser ele livre e ela, inevitavelmente, prisioneira.Prisioneira do marido, do machismo e etarismo estruturais, Carmen é interpretada pela célebre atriz Zezé Motta. Trata se de uma...

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Publicado por em nov 23, 2024 em Críticas, Destaque |

V Festival Cinema Negro em Ação :: “Maré Braba” (2023), por Michelle Garcia

V Festival Cinema Negro em Ação :: “Maré Braba” (2023), por Michelle Garcia

Um olhar feminino sobre as mudanças climáticas. Menção Honrosa no V Festival Cinema Negro em Ação, o curta-metragem cearense Maré Braba (2023) retrata a luta e resiliência de mulheres em uma comunidade pesqueira, enfrentando os desafios do racismo ambiental em um contexto de exploração social. O filme dirigido por Pâmela Peregrino mostra, por meio das ondas e das marés, o descontrole das mudanças climáticas que avança na Zona Costeira brasileira.A animação em stop motion de sete minutos conta a história de três mulheres diretamente afetadas pelas consequências destas mudanças: a retirada de parques eólicos que são suprimento de energia, o descarte inapropriado de lixo na própria praia e a remoção forçada de pessoas de suas casas para possibilitar grandes construções, além da diminuição de espaços possíveis para sustento.O curta é um espelho da dicotomia de quem causa o agravamento deste impacto, as grandes corporações, as grandes cidades e sua poluição que deságua nas comunidades tradicionais ou empobrecidas.O choro de uma mulher pela derrubada da sua casa se mescla com...

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Publicado por em nov 23, 2024 em Críticas, Destaque |

V Festival Cinema Negro em Ação :: “Um É Pouco, Dois É Bom” (1970), por Alisson Santos

V Festival Cinema Negro em Ação :: “Um É Pouco, Dois É Bom” (1970), por Alisson Santos

O filme gaúcho esquecido por décadas É impossível começar a falar sobre a história de Um É Pouco, Dois É Bom sem citar seu grande criador, um gaúcho de coração com uma vida e carreira louvável, tanto que o prêmio do Festival Cinema Negro em Ação leva seu nome: Troféu Odilon Lopez.     Odilon (1941-2002) foi jornalista, cineasta, roteirista e ator. Chegou em Porto Alegre em 1959, de onde não saiu mais, tornando-se repórter cinematográfico, profissão que sequer existia na produção televisiva até então. Foi o primeiro jornalista negro a ter um programa na televisão do Rio Grande do Sul, na TV Piratini, em 1979. Em paralelo ao seu trabalho como jornalista, Odilon fundou, em 1969, a produtora Super Filmes, onde nasceu Um É Pouco, Dois É Bom (1970). O filme ficou esquecido por muitos anos devido a fatores como a falta de reconhecimento e apoio para cineastas negros, além das dificuldades de distribuição e preservação de filmes no Brasil.  Por muito tempo parte dos rolos de negativos da produção estavam guardados na garagem da...

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Publicado por em set 12, 2024 em Artigos, Críticas, Destaque, Em destaque |

[TIFF 2024] Crítica de “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles – Por Matheus Pannebecker

[TIFF 2024] Crítica de “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles – Por Matheus Pannebecker

O editor do jornal pediu, mas Eunice Paiva, a protagonista de Ainda Estou Aqui, não cedeu. A foto que ela está prestes a tirar com a família para publicação será, sim, com todos sorrindo, sem sinais de tristeza. Trata-se de um momento emblemático no filme de Walter Salles, pois sintetiza não apenas a essência de uma grande mulher, mas também a de um filme muito parecido com ela, que viu o marido ser levado para interrogatório durante a ditadura militar brasileira e, sem nunca mais encontrá-lo, precisa reinventar a família e a si própria. A personagem existiu de verdade – Eunice é mãe do escritor Marcelo Rubens Paiva, autor do livro que dá origem ao longa, e do célebre Feliz Ano Velho – e a sua história de vida ainda estava por ser descoberta. Dona de casa da burguesia carioca, ela se transforma completamente após perder o marido duas vezes: primeiro, com sua ausência dentro de casa, quando ele é levado pelos milicos da ditadura; depois, com a sua...

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Publicado por em ago 19, 2024 em Críticas, Destaque, Em destaque, Festival de Gramado, Notícias |

“A Transformação de Canuto” vence a Mostra Gaúcha de Longas-Metragens no Festival de Cinema de Gramado

“A Transformação de Canuto” vence a Mostra Gaúcha de Longas-Metragens no Festival de Cinema de Gramado

16/08/2024 – 52º Festival de Cinema de Gramado – Premiados com o Prêmio SEDAC/IECINE de longas-metragens gaúchos | Foto oficial: Edison Vara/Agência Pressphoto Dirigido por Ariel Kuaray Ortega e Ernesto de Carvalho, A Transformação de Canuto foi o grande vencedor da Mostra Gaúcha de Longas-Metragens no Festival de Gramado. Além de Melhor Filme, a produção recebeu os Kikitos de Melhor Direção, Ator (para Fabrício Benitez) e Fotografia (para Camila Freitas). Filmado entre o Brasil e Argentina, o híbrido entre documentário e ficção mostra uma pequena comunidade Mbyá-Guarani preparando e filmando a história mítica de Canuto, um homem que, antes de morrer, teria se transformado em uma onça. Também com 4 Kikitos, Memórias de um Esclerosado, de Rafael Corrêa e Thaís Fernandes, recebeu os prêmios de Melhor Roteiro (Fernandes, Corrêa e Ma Villa Real), Montagem (Jonatas Rubert e Thais Fernandes), Desenho de Som (Kiko Ferraz) e Trilha Sonora (André Paz). Além disso, Rafael recebeu Menção Honrosa do Júri. Até que a Música Pare, de Cristiane Oliveira, saiu com os prêmios de Melhor Atriz (Cibele Tedesco) e...

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Publicado por em ago 27, 2023 em Artigos, Críticas, Festival de Gramado |

51º Festival de Cinema de Gramado: Pampa vazio, ameaçado, sempre em conflito – uma entrada e uma saída

51º Festival de Cinema de Gramado: Pampa vazio, ameaçado, sempre em conflito – uma entrada e uma saída

Atualmente em cartaz nos cinemas, “Casa Vazia”, de Giovani Borba, havia sido selecionado para o Festival de Cinema de Gramado há um ano. Rodado em Santana do Livramento, já falava de um pampa ameaçado pela soja e tinha como protagonista um peão de estância que não vislumbrava mais opção a não ser cair no abigeato. Em 2023, na 51ª edição do evento cinematográfico na Serra Gaúcha, dois dos longas concorrentes na mostra destinada às produções do estado também tiveram esse simbólico e complicado cenário ambiental, social e econômico para explorar. “Céu Aberto” é mínimo, é singelo, é feminino, é delicado, é bonito. Uma diretora que segue os passos de uma adolescente criada na zona rural de Dom Pedrito (RS), filha de pequenos proprietários rurais. Elisa Pessoa começa a registrar o cotidiano de Andriele Rodrigues Soares a partir dos 13 anos. Vamos lá: “Céu Aberto” poderia ser um longa simples, mas não é. Seria um documentário etnográfico, mas não é só isso. A potência das imagens escolhidas para sua abertura...

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