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Publicado por em ago 26, 2023 em Artigos, Críticas, Festival de Gramado |

51º Festival de Cinema de Gramado: Poesia que higieniza

51º Festival de Cinema de Gramado: Poesia que higieniza

A mostra de curtas-metragens gaúchos tem sido há um tempo uma atração à parte no badalado Festival de Cinema de Gramado. Vencida em sua maior parte a terrível fase da pandemia – prejudicial para produções com mais recursos, quanto mais foi para aquelas de baixo orçamento e menos experiência – os curtas produzidos no Rio Grande do Sul tornaram a tomar corpo e ganhar a devida estatura que merecem. Embora alguma desigualdade em termos de resultados finais, quando não aceitáveis deslizes técnicos, o nível dos 23 filmes concorrentes ao Prêmio Assembleia Legislativa de Cinema – Mostra Gaúcha de Curtas 2023 foi bastante satisfatório e, mais que isso, promissor. Como vêm se adensando a cada ano, as temáticas antes “marginais”, como LGBTQIAP+, povos originários, capacitismo, xenofobia, entre outros, manifestam-se com potência junto aos realizadores. Caso de “Rasgão”, de Victor Di Marco e Márcio Picoli, que levou Menção Honrosa, em sua narrativa que trata da acessibilidade; ou “O Tempo”, vencedor de Melhor Trilha Sonora (Gabriel Araújo, Nina Fola e Malyck Badu)...

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Publicado por em ago 26, 2023 em Artigos, Críticas |

51º Festival de Gramado: Mulheres no Protagonismo

51º Festival de Gramado: Mulheres no Protagonismo

“Tia Virginia”, do diretor Fábio Meira e produzido pela Kinossaurus. Atrizes Louise Cardoso, Vera Holtz e Arlete Salles. Se há algo que se pode resumir da 51ª edição Festival de Cinema de Gramado foi o destaque para mulheres que trabalham à frente ou atrás das câmeras. Foram homenageadas as atrizes Léa Garcia com o Troféu Oscarito (ela morreu de infarto no dia 15 de agosto, dia em que receberia a distinção, e o filho Marcelo Garcia recebeu o troféu pela mãe) e também Laura Cardoso, que recebeu a homenagem na sexta-feira, dia 18. A atriz Ingrid Guimarães recebeu o Troféu Cidade de Gramado na quinta-feira, dia 17, celebrando que uma comediante tenha sido lembrada por um festival. Na sexta, a produtora Lucy Barreto foi laureada com o Troféu Eduardo Abelin e Alice Braga recebeu o Kikito de Cristal. Além desta força e empoderamento feminino nas homenagens em Gramado, os filmes exibidos também apresentaram protagonistas femininas fortes. O destaque ficou para Vera Holtz pela interpretação em “Tia Virginia”, que levou...

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Publicado por em jul 29, 2023 em Críticas, Destaque, Em destaque |

Casa Vazia, por Daniel Rodrigues

Casa Vazia, por Daniel Rodrigues

Cena de Casa Vazia, filme de Giovani Borba. Como no jornalismo, a máxima de que não existe imparcialidade também se aplica ao cinema. Por mais limpo que seja o discurso tanto numa área quanto em outra, buscando fugir de posições político-ideológicas na abordagem de determinado tema, é impossível evitar uma mensagem desprovida de subjetividades. Em cinema, no entanto, essa dialética opera um pouco diferente. Uma vez arte, a depender do que se quer contar, o distanciamento (crítico e controlado) favorece a absorção da própria mensagem – que, ironicamente, pode ser, sim, bastante ideológica em última análise. Colocar-se conscientemente neste limiar não raro ajuda a que o cinema cumpra seu papel mais essencial: contar uma história.Esta é uma das fronteiras conceituais as quais o brilhante “Casa Vazia” suscita. Sem ajuizamentos simplórios, o filme conta uma história cheia de questões sociais, políticas, econômicas e comportamentais de uma maneira profunda e artística, convidando o espectador à reflexão. Com uma excepcional cena inicial – um plano-sequência estático de uma paisagem rural noturna –...

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Publicado por em set 1, 2022 em Críticas, Festival de Gramado |

Afeto e diversidade no novo cinema brasileiro, por Luiz Carlos Merten

Afeto e diversidade no novo cinema brasileiro, por Luiz Carlos Merten

Noites Alienígenas, de de Sérgio de Carvalho – Divulgação. Havia dois grandes filmes na competição brasileira do 50º Festival de Gramado. Jubileu de ouro – 50 anos! Um desses filmes veio do Acre e, para muita gente, Gramado 50 marcou a descoberta dessa cinematografia ainda pouco conhecida, mas potente. Noites Alienígenas, de Sérgio de Carvalho, baseado no romance do próprio diretor, venceu os Kikitos do júri oficial e da crítica. O outro destaque dessa edição foi o longa mineiro, de Contagem, Marte Um, de Gabriel Martins, que venceu o prêmio do público. Havia um filme belíssimo na Mostra Gaúcha, Cinco Casas, e já é mais do que tempo de Gramado começar a discutir uma reserva de mercado da produção regional em Gramado. O longa de Bruno Gularte Barreto poderia estar muito bem na competição principal. Na mostra estrangeira, brilhou o uruguaio 9, da dupla Martín Barrenechea/Nicolás Branca. Gramado orgulha-se de ser o festival mais longevo do país que nunca sofreu descontinuidade. Em suas diferente seções, espelhou a diversidade da...

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Publicado por em ago 30, 2022 em Artigos, Críticas, Festival de Gramado |

9: um filme sobre futebol sem futebol, de Victor Hugo Furtado

9: um filme sobre futebol sem futebol, de Victor Hugo Furtado

“9”, divulgação. Nos últimos anos, o futebol de alto nível, como qualquer outro esporte em sua potência máxima, vem demandando absurda concentração de seus adeptos. Muito por conta desse processo, a vida da maioria dos jogadores se divide entre trabalho e lazer, pura e simplesmente. Nesse preto e branco, raramente surgem zonas cinzas como Diego Maradona, Sócrates, Carlos Caszely e Éric Cantona. Em comum, esses e poucos outros não desperdiçam as portas que a riqueza lhes abre, mas utilizam de suas idolatrias para tratar de temas sociais, como preconceito e opressão política, por exemplo. Entretanto, ainda mais recentemente, uma outra “militância” tem se incorporado no imaginário esportivo. Figuras como Simone Biles, da ginástica olímpica, ou o próprio Neymar, da seleção brasileira de futebol, alegam exaustão e falta de opções próprias. Um dos mais celebrados longas do 50° Festival de Cinema de Gramado mergulha nessa temática. Exibido também em Mar del Plata, o poético 9 (2021) é um filme de futebol que não possui futebol, de fato, em sua narrativa...

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Publicado por em ago 30, 2022 em Artigos, Críticas, Festival de Gramado |

O poder da reconstrução da memória no Gauchão do Festival 50º Festival de Cinema de Gramado, por Maria Caú

O poder da reconstrução da memória no Gauchão do Festival 50º Festival de Cinema de Gramado, por Maria Caú

A seleção da competitiva de curtas-metragens gaúchos do Festival de Gramado, apelidada carinhosamente de “o Gauchão”, teve como destaque nesta 50ª edição os filmes de não ficção. Muito embora a seleção equilibrasse documentários e ficção (dos dezessete filmes selecionados, nove eram obras de não ficção, contra oito ficções), os documentários se revelaram mais potentes, apresentando propostas estéticas e narrativas mais ousadas. Quem acompanha os festivais nacionais tem notado há algum tempo que o documentário nacional, ao lado dos filmes de gênero híbrido, que caminham na linha tênue entre o documentário e a ficção, vem afirmando sua capacidade de reinvenção constante. Talvez porque hoje em dia, num Brasil de extremos, a necessidade de investigar o real se faz premente, assim como o desejo de resgatar a memória e revisitar o passado para compreender um presente opressor e imaginar futuros possíveis. Desse modo, o documentário surge como o caminho fértil que jovens cineastas escolhem trilhar para ajudar a reconstruir o cenário em ruínas da arte independe brasileira. E o que é...

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