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Publicado por em fev 28, 2020 em Artigos |

Parasita – Sobre porões, subsolos e escadarias

Parasita – Sobre porões, subsolos e escadarias

Por Jaqueline Chalaadaptado a partir do roteiro do programa Na Trilha da Tela que vai ao ar aos sábados, 18h, pela FM CULTURA. Desde que surgiu nos cinemas, Parasita deixou claro que era um dos grandes, senão o grande filme do ano de 2019. Um ano que teve o tema da desigualdade social em destaque através de outras ótimas produções, como Coringa, Os Miseráveis e também o brasileiro Bacurau. O que diferencia Parasita dos demais, porém, é a facilidade com que Bong Joon-ho transita por vários gêneros, da comédia ao terror, sem perder o ritmo da narrativa sequer por um instante. Repleto de camadas e de simbolismos, Parasita é um filme que parece “atravessar” os demais por sua construção e conexão com a realidade em várias partes do mundo. Não por acaso, recentemente a BBC fez uma excelente reportagem sobre os porões reais habitados pela população pobre de Seul, os Banjihas.          Parasita traz na arquitetura dos porões os símbolos da opressão de uma classe social que se espreme...

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Publicado por em fev 28, 2020 em Artigos |

Crítica: Morto não fala

Crítica: Morto não fala

Por Chico Izidro Morto Não Fala é o primeiro longa-metragem da carreira de Dennison Ramalho, e é um filme de terror brasileiro que surpreende. A obra é adaptada de um livro de Marco de Castro, e traz um protagonista que tem o poder, ou seria maldição, de falar com os mortos? O sempre ótimo Daniel de Oliveira (Cazuza e Aos Teus Olhos) vive Stênio, funcionário do IML à noite. Sua rotina é de ver cadáveres e eles falam com ele, seja lamentando as mortes, seja contando detalhes de suas vidas. Em casa, pai de dois filhos e casado com Odete (Fabiula Nascimento), que não suporta Stênio e seu cheiro. Um dia, Stênio descobre que está sendo traído pela mulher, que tem um caso com o dono da vendinha local, Jaime (Marco Ricca). E no trabalho, recebe um novo cadáver, de um traficante. E ao “bater papo” com o morto, tem uma ideia – o de culpar Jaime pela morte do bandido. Daí em diante, a trama se transforma em...

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Publicado por em fev 28, 2020 em Artigos |

Crítica: A vida invisível

Crítica: A vida invisível

Por Chico Izidro O novo longa de Karim Aïnouz, A Vida Invisível, retrata o forte machismo da sociedade brasileira na década de 1950, sob a ótica de duas irmãs. A obra é baseada no romance “A Vida Invisível de Eurídice Gusmão”, livro de Martha Batalha, e roteirizado por Murilo Hauser, Inês Bortagaray e Karim Aïnouz. No Rio de Janeiro daquela época, Eurídice Gusmão (Carol Duarte e Fernanda Montenegro na terceira idade) é uma jovem que sonha em se tornar pianista e estudar no conservatório de Viena. Já sua irmã Guida (Julia Stockler), é praticamente o oposto, mostrando-se desinibida e mais fogosa. Um dia Guida decide fugir com seu namorado, um marinheiro grego. Porém, ao chegar a Atenas, descobre que o rapaz não era tudo o que ela esperava. Grávida, decide voltar para casa. Porém, seu pai, o conservador comerciante português Manuel (Antônio Fonseca) não admite ter embaixo de seu teto uma jovem solteira e com um filho e expulsa a menina. O pai a considera morta e assim conta...

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Publicado por em fev 28, 2020 em Artigos |

Crítica: Dor e Glória

Crítica: Dor e Glória

Por Chico Izidro O diretor espanhol Pedro Alçmodóvar apresenta em Dor e Glória (Dolor y Gloria) um de seus melhores filmes dos últimos anos. A trama é quase que autobiográfica, mostrando um diretor de cinema em período de falta de criatividade, que solitário, passa a relembrar sua vida e carreira desde sua infância pobre no interior da Espanha, ao lado dos pais. Antonio Banderas vive o protagonista Salvador Mallo, atormentado por todo tipo de doenças físicas, depressão e ansiedade. Após 30 anos, uma de suas obras é restaurada e reconhecida pelo público como um clássico. Motivo pelo qual ele se reaproxima do ator principal, Alberto (Asier Etxeandia). À época do lançamento, Salvador não aprovou a atuação do ator, mas reviu seus conceitos e o procura para fazer as pazes. Quando Alberto retorna à sua vida, nela também entra o vício em heroína, para atormentá-lo mais ainda. Dor e Glória também mostra o passado em flashbacks, onde Salvador relembra de sua mãe, trabalhadora, afetuosa e protetora. Jacinta ganha uma interpretação...

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Publicado por em set 7, 2019 em Artigos |

Legalidade

Legalidade

Por Rodrigo de Oliveira A sessão fora de competição de Legalidade no Festival de Cinema de Gramado não poderia ter sido mais emocionante. Último filme do ator Leonardo Machado, que por muitos anos foi o apresentador do evento na Serra Gaúcha, a exibição do longa de Zeca Brito serviu como justa homenagem ao versátil e saudoso artista, falecido aos 42 anos, em 2018. Com a família e amigos no Palácio dos Festivais, Leo ficaria orgulhoso. Até porque, conferimos a melhor atuação de toda a sua carreira. O ator dá vida a Leonel de Moura Brizola de maneira visceral, convencendo não apenas nos bastidores do Palácio do Piratini, mas, principalmente, ao encarar o desafio de interpretar seus discursos. Uma lástima que sua performance tenha sido lançada postumamente. Mas, ao menos, temos essa grande atuação para guardar na memória. O episódio da legalidade é uma parte importante da história do Brasil, pouco contada – talvez mais conhecido no Rio Grande do Sul, por ser seu cenário, mas nem assim muito difundido....

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Publicado por em set 7, 2019 em Artigos |

Curtas-metragens gaúchos: Prêmio Assembléia Legislativa

Curtas-metragens gaúchos: Prêmio Assembléia Legislativa

Por Rodrigo de Oliveira O MENINO DA TERRA DO SOL O tom idílico de O Menino da Terra do Sol tem muito a ver com a nostalgia que o curta de Michel Marchetti deseja dividir com o espectador. A história é baseada em fatos, na vida do escritor de Flores da Cunha Flávio Luis Ferrarini. Na trama, acompanhamos Nini ainda criança, descobrindo paixões, seja por uma coleguinha da escola, seja pela máquina de escrever. A produção é caprichada, com bela fotografia. A paisagem por si só já dá grandeza ao curta. As distensões de tempo, no entanto, incomodam, assim como a trilha pesada, gerando um clima dramático demais. E mesmo adoráveis, as crianças careciam de um roteiro menos decorado, mais orgânico. TESOURINHO Esse foi o ano das animações no Festival de Gramado. Todas tiveram qualidade ímpar – e aqui há de se destacar o trabalho da Universidade Federal de Pelotas, que trouxe dois excelentes títulos para a disputa – um deles, inclusive, vencedor da Mostra. Esse Tesourinho, de Bruna...

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