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Publicado por em set 2, 2019 em Artigos |

O paradoxo de “Raia 4”

O paradoxo de “Raia 4”

Por Ivonete Pinto Há quem tenha achado “gauchice” o júri da crítica ter premiado Raia 4 na 47ª edição do Festival de Cinema de Gramado. O festival é gaúcho, o  júri é organizado por gaúchos, mas apenas dois dos cinco jurados eram do Rio Grande do Sul (havia até um chileno no grupo). A produção assinada  por Emiliano Cunha também foi premiada com kikitos de  Melhor Fotografia e  Melhor Longa-Metragem da Mostra Gaúcha. A discussão quanto a um eventual favoritismo  ficou deslocada, pois o que importa num possível questionamento é entender por que Raia 4 ganhou o prêmio da crítica e não o Pacarrete  (Allan Deberton, 2019), o filme  mais celebrado da edição e que efetivamente levou oito  prêmios, entre eles o  do júri oficial e do júri popular. Um dos critérios que costuma nortear as decisões dos júris da crítica é levar em conta o investimento  em linguagem e  a presença de uma estética em sintonia com um cinema contemporâneo arrojado, onde o risco é inerente. A crítica...

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Publicado por em jul 25, 2019 em Artigos |

Curso Cinemas Chineses, de Jean-Michel Frodon

Curso Cinemas Chineses, de Jean-Michel Frodon

Por Bia Zasso Ser um admirador do cinema oriental em um país como o Brasil não é uma tarefa fácil. Salvo algumas mostras e parcos lançamentos em cinemas comerciais, conhecer e admirar produções do oriente é quase uma odisseia. Por esse e outros motivos, o curso Cinemas Chineses, ministrado pelo crítico Jean-Michel Frodon durante o Seminário Internacional O Estado da Crítica, em Porto Alegre foi um bálsamo de conhecimento e troca de experiências. Dividido de uma forma que pudesse abranger ao máximo as produções da China, de Hong Kong e de Taiwan, o curso passeou por estilos e diretores, demarcando a forma como a Sétima Arte reflete a realidade dessas três regiões próximas, porém com diferenças bem marcantes entre si. Ao começar por um panorama dos primeiros anos do cinematógrafo na China, Frodon apresentou um cinema com grande influência da Ópera de Pequim. A organização por gerações ajuda a demarcar de forma clara os objetivos de cada grupo de cineastas surgido no país. Sempre fazendo questão de ressaltar realizadoras...

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Publicado por em jul 25, 2019 em Artigos |

Kung Fu Frodon encontra o Clube de Cinema

Kung Fu Frodon encontra o Clube de Cinema

Por Paulo Casa Nova Uma pequena nota sobre o seminário O Estado da Crítica teria de falar da sessão no CineBancários dia Dois de junho passado. “O Grande Mestre“, de Wong Kar-Wai, soma a história da China e, em particuiar, de Hong Kong, assim como a história do Kung Fu e do Cinema. A biografia do Mestre dos Mestres, Ip Man, é representada da forma romanesca típica dos filmes de Kung Fu, gênero dominante no cinema de Hong Kong. Luta a luta, coreografia atrás de coreografia, trama sobre trama, sabedoria além da sabedoria, o filme é divertido, denso e informativo. Houve um diálogo entre Enéas de Souza e Jean-Michel Frodon mediado por Milton do Prado que esquadrinhou os aspectos formais do filme: fotografia, direção, interpretação. O filme, que termina com um desafio de Ip Man ao espectador (“Qual é o seu estilo?”), nos leva para além do estilo Wing Chun e nos leva à autorevisão de nossas vidas. Quem diria, um filme de Kung Fu Existencialista! A platéia estava...

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Publicado por em jul 17, 2019 em Artigos |

Santiago, Itália

Santiago, Itália

Por Leonardo Bomfim Vi Santiago, Itália (2018), novo documentário de Nanni Moretti, no Bafici, o Festival Internacional de Cinema Independente de Buenos Aires. Era o filme de encerramento.  Naquele dia, já havia visto dois filmes que traziam protagonistas escondidos em suas tramas, o incrível The Passionate Stranger, da pioneira feminista inglesa Muriel Box, e Shakti, o novo curta de Martín Rejtman, o papa do Nuevo Cine Argentino. Saí com essa impressão: em galáxias absolutamente distantes, a verdadeira autora dos bolinhos de batata do filme de Rejtman e a história rocambolesca do Dom Quixote da Sicília do filme de Muriel Box, me fizeram pensar sobre protagonistas impossíveis a partir do momento em que os territórios de uma história são delimitados.  Mordido pelo bicho da semelhança, fiquei me perguntando se também não há um protagonista escondido no filme de Moretti. Por que o interesse nessa história agora? Ao longo da projeção, a questão vem algumas vezes à cabeça – em uma sequência a impressão é a de que o filme só existe para...

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Publicado por em jul 14, 2019 em Artigos |

Ismail Xavier, pensador na coleção Abraccine

Ismail Xavier, pensador na coleção Abraccine

Por Fatimarlei Lunardelli, especial para o site da Accirs Professor da Universidade de São Paulo, teórico de projeção internacional e integrante da Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Ismail Xavier é tema do segundo volume da coleção Pensadores de Cinema da Abraccine. O livro Ismail Xavier: Um pensador do cinema brasileiro está sendo lançado neste mês de julho na FLIP – Festa Literária Internacional de Paraty pelas Edições Sesc. A coleção foi inaugurada em 2017 com Bernardet 80 – Impacto e Influência no Cinema Brasileiro, com o selo da Paco Editorial. A publicação é o 6º livro da Abraccine desenvolvido no espírito colaborativo e engajado que marca as ações editorias da entidade, ou seja, pelo envolvimento entusiasmado dos associados. Qualquer um dos 111 abraccineiros poderia ter desempenhado a honrosa tarefa de organizar o livro-homenagem a Ismail, nome incontornável para quem se dedica à crítica e aos estudos de cinema no Brasil. Somos diversos na associação: jovens e veteranos, homens e mulheres, próximos e distantes da pauliceia na qual Ismail construiu sua...

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Publicado por em jun 10, 2019 em Artigos |

XV Fantaspoa: Filmes e pessoas

XV Fantaspoa: Filmes e pessoas

Por Bianca Zasso, que integrou o júri da crítica no XV Fantaspoa, juntamente com o associado Carlos Thomas Albornoz A participação da Accirs na décima quinta edição do Festival de Cinema Fantástico de Porto Alegre (Fantaspoa) ficou focada no júri dos filmes de animação. Foram cinco longas com técnicas, estilos e propostas muito diferentes entre si, mas uma coisa os unia: a capacidade de brincar com a realidade. Do insólito S He, do chinês Shengwei Zhou até o colorido e nonsense Laika, produção soviética dirigida por Aurel Klimt, havia uma preocupação em falar de temas que, infelizmente, passam longe de serem uma fantasia no nosso cotidiano, como o machismo e a xenofobia. Optamos por premiar o trabalho da diretora americana Nina Paley em Seder-Masochism por seu bom-humor ácido e sua crítica ao patriarcado e, é claro, por seu visual simples e divertido ao mesmo tempo. Fora do universo animado do festival, muitas foram as filas para abraçar e tirar fotos com Roger Corman, o produtor e diretor que fez...

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