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Publicado por em jan 31, 2019 em Artigos |

Uma Porto Alegre Cinematográfica

Uma Porto Alegre Cinematográfica

Por Eron Duarte Fagundes, especialmente para o site da Accirs Tinta Bruta (2018), filme realizado pelos gaúchos Filipe Matzembacher e Márcio Reolom, é uma surpresa. Antes de mais nada, porque o senso de cinema dos realizadores se depurou sobremaneira desde o frouxo e incipiente Beira-mar (2015). Depois, porque a utilização da cenografia da cidade de Porto Alegre é feita com uma plasticidade, noturna e um pouco surrealista, como ainda não se vira no cinema feito aqui no sul do país. Trata-se duma narrativa que devoramos assim à medida que ela nos devora. A temática do sexo homossexual ainda e sempre é o que informa o cinema de Matzembacher e Reolom. A personagem de Pedro faz performances na internet utilizando tintas e dançando despido e pintado para provocar esteticamente quem vê as cenas. O filme acompanha também a vida de procura do prazer no mundo noturno porto-alegrense por parte de Pedro. Lança em cena os problemas da personagem com um processo criminal, documenta as dívidas da criatura para com o...

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Publicado por em jan 28, 2019 em Artigos |

Mamãe coragem

Mamãe coragem

Por Marcus Mello, texto publicado na revista Teorema Crítica de Cinema, nº 30, dezembro de 2018. Em Benzinho, Gustavo Pizzi cria um retrato de família afetuoso, dominado pela presença hipnótica da atriz Karine Teles Mamãe, mamãe, não chore A vida é assim mesmo Eu fui embora Mamãe, mamãe, não chore Eu nunca mais vou voltar por aí Mamãe, mamãe, não chore A vida é assim mesmo Eu quero mesmo é isto aqui Mamãe, mamãe, não chore Pegue uns panos pra lavar Leia um romance Veja as contas do mercado Pague as prestações Ser mãe É desdobrar fibra por fibra Os corações dos filhos Seja feliz Seja feliz Caetano Veloso/Torquato Neto (Mamãe, Coragem) Ambientado em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, e tendo como personagens os membros de uma família de classe média baixa tão amorosa quanto barulhenta (um casal com quatro filhos de diferentes idades, mais a irmã da esposa e seu filho pequeno), Benzinho é um dos títulos mais tocantes do cinema brasileiro contemporâneo. Um drama repleto de...

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Publicado por em jan 28, 2019 em Artigos |

Tinta Bruta conquista a plateia do Festival de Berlim

Tinta Bruta conquista a plateia do Festival de Berlim

Por Marcus Mello, texto originalmente publicado no jornal Zero Hora em 20 de fevereiro de 2018, logo após a primeira exibição do filme – em 18 de fevereiro – no Festival de Cinema de Berlim, onde acabaria conquistando dois prêmios. Domingo (18) à noite, 22h30min. A gigantesca sala 7 do CinemaxX, na Potsdamer Platz, estava literalmente entupida de gente para a ver a estreia mundial de Tinta Bruta, segundo longa dos realizadores porto-alegrenses Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, na 68ª edição do Festival Internacional de Cinema de Berlim. Os ingressos esgotados dias antes do início do festival confirmavam o interesse do público alemão pelo trabalho da dupla, que já teve dois de seus trabalhos anteriores, o longa Beira-Mar (2015) e a série O Ninho (2016), distribuídos comercialmente na Alemanha, depois de terem também passado pela Berlinale. Ao final das quase duas horas de projeção (o filme tem 118 minutos de duração), quando começaram a correr os créditos, ainda embalados pela voz hipnotizante de Anohni – a nova identidade do...

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Publicado por em nov 25, 2018 em Artigos |

Homenagem aos decanos da crítica no Rio Grande do Sul

Homenagem aos decanos da crítica no Rio Grande do Sul

Por Fatimarlei Lunardelli, especial para o site da Accirs Na passagem de seus 10 anos, a Associação dos Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul presta homenagem aos mestres da crítica Enéas de Souza, Hiron Goidanich e Hélio Nascimento. Egressos da década de 60, atuantes no cenário da crítica e da cultura cinematográfica através das páginas dos jornais, nas sessões de filmes, no convívio amigável da cinefilia porto-alegrense, os três críticos passam a ser sócios honorários da entidade. Enéas de Souza, 81, começou na Revista do Globo em 1959, atuou como crítico nos anos 60 dirigindo-se, depois, para a economia e a psicanálise. É autor de Trajetórias do Cinema Moderno, obra de pensamento sobre o cinema publicada em 1965 e reeditada em 2017, na coleção Escritos de Cinema, vol. 10, da Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da Prefeitura de Porto Alegre. Em 2005 iniciou O Divã e a Tela, ciclo de sessões mensais de filmes com debate na Associação Psicanalítica de Porto Alegre, junto com Robson de Freitas, que resultou no livro Cinema: o...

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Publicado por em nov 16, 2018 em Artigos |

O Gabinete do Doutor Montanari – Yonlu no Clube de Cinema de POA

O Gabinete do Doutor Montanari – Yonlu no Clube de Cinema de POA

por Paulo Casa Nova Yonlu (2017), longa-metragem ficcional de Hique Montanari sobre a vida e morte do compositor porto-alegrense Vinicius Gageiro Marques, o Yonlu, que se suicidou em 26 de julho de 2006, tem uma característica comum aos filmes realizados por este cineasta de tantos documentários: a meticulosidade obsessiva com os detalhes. Cito alguns: como roteirista, realizou nada menos que doze tratamentos do roteiro em dez anos de produção do filme; como produtor, tratou os pais de Yonlu com o respeito e o profissionalismo que o tema exigia; como diretor, o cuidado em contar uma narrativa sem barrigas, ou seja, sem rodeios. Mas Montanari aparece com uma qualidade a mais: o confidente. É evidente seu compromisso com o filme e com o protagonista. Não há no filme espaço para sentimentalismo ou sensacionalismo e, no entanto, o filme flui em sentimentos e imagens sensacionais. Me vem à memória enquanto escrevo a subida de Yonlu pelos morros de Porto Alegre vestido como astronauta. Montanari é confidente também nos debates sobre o...

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Publicado por em set 10, 2018 em Críticas, Festival de Gramado |

A praia de Nara

A praia de Nara

por Juliana Costa, especialmente para o site da ACCIRS Como o mar que desmancha nossos desenhos na areia, violento e delicado, assombroso e inexorável, assim é Guaxuma (2018), novo curta-metragem de Nara Normande. Destaque em todos os festivais por onde tem passado, o grande pequeno filme da alagoana arretada também fez história no 46º Festival de Gramado, recebendo merecidamente o prêmio de melhor curta-metragem brasileiro. “Se você abrir uma pessoa, encontrará paisagens, se me abrir, encontrará praias.”, disse Agnès Varda no início de As Praias de Agnès (2008), talvez seu filme mais autobiográfico. A frase, bem como o filme de Varda, sem dúvida ecoa em Nara, que generosamente nos leva no colo, sem medo nem embaraço, por uma viagem através da paisagem da alma de sua infância. Da técnica de animação de areia, rigorosamente escolhida para dar movimento as suas memórias, ficamos com a efemeridade das imagens, assim como da vida, fantasmas de areia que somos. Conferindo um corpo robusto às reminiscências de Nara, ouvimos um relato em primeira...

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