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Publicado por em set 5, 2018 em Artigos, Festival de Gramado |

As Herdeiras: a pele e o espaço em que se habita

As Herdeiras: a pele e o espaço em que se habita

por Renato Cabral, presidente do júri da crítica no 46º Festival de Cinema de Gramado, especial para o site da ACCIRS Muitas das produções selecionadas pela curadoria do Festival de Cinema de Gramado de 2018 destacaram como temas questões que envolviam moradia, habitação e atos de resistência em um período de especulações e dificuldades financeiras. Esses conteúdos e destaques podem ser visualizados de forma concreta ou fisicamente, se valendo em como seus personagens estão inseridos em locais e narrativas, como também de maneira mais abstrata, pela mentalidade que possuem. Com certa amplitude, podemos fazer uma reflexão a respeito do espaço e territórios em que corpos vivem, habitam e resistem nesses locais ou corpos. Um exemplo sutil desse raciocínio proposto é o filme selecionado para a Mostra de Longas Estrangeiros, o paraguaio As Herdeiras (Las Herederas, 2018), de Marcelo Martinessi. Tendo em vista que os homens presentes na trama possuem pouco protagonismo e quando aparecem se prestam comicamente apenas a carregar caixas e um piano, o filme de Martinessi é essencialmente...

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Publicado por em set 3, 2018 em Artigos, Destaque, Festival de Gramado |

As possibilidades da animação como relato

As possibilidades da animação como relato

por Gabriel Carneiro, integrante do Júri da Crítica do 46º Festival de Cinema de Gramado, especial para o site da ACCIRS A cada ano, fica mais evidente o salto que a animação brasileira deu a partir do momento que se passou a incentivá-la em políticas culturais, ainda que timidamente. No último Festival de Cinema de Gramado, as animações representaram o corpo de trabalho mais interessante. Tanto o longa A cidade dos piratas (2018), de Otto Guerra, quanto os curtas-metragens Torre (2017), de Nádia Mangolini, e Guaxuma (2018), de Nara Normande, utilizam a técnica animação com bastante inventividade para imaginar narrativas documentais. Se Torre, considerado o melhor curta pela crítica e pelo público, aposta nas possibilidades do desenho para dar voz a personagens reais obscurecidos pela ditadura militar brasileira, Guaxuma, melhor curta pelo júri oficial, e A cidade dos piratas canalizam questões e dramas pessoais, seja de maneira afetuosa sobre a relação da diretora com uma amiga de infância, no primeiro caso, seja com bastante ironia e humor negro no segundo...

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Publicado por em set 3, 2018 em Críticas, Festival de Gramado |

Sem moradia e sem esperança

Sem moradia e sem esperança

por Mônica Kanitz, presidente do Júri da Crítica da Mostra Gaúcha de Curtas-metragens do 46º Festival de Cinema de Gramado, especial para o site da ACCIRS Sem Abrigo, de Leonardo Remor, foi o título escolhido pelo júri da ACCIRS para receber o prêmio da crítica na mostra de curtas-metragens gaúchos do Festival de Cinema de Gramado de 2018. Entre os elementos que justificaram a escolha estão uma combinação caprichada de movimentos de câmera com os silêncios pertinentes da personagem protagonista, vivida com muita sensibilidade pela atriz Rejane Arruda – que ganhou, merecidamente, o prêmio de melhor atriz da mostra. O filme ainda foi vencedor dos troféus de montagem e fotografia, respaldando a escolha do júri da crítica. Leonardo Remor, que também é pesquisador nas linguagens de mídia e artista visual, propõe um olhar atento e humanizado sobre uma figura cada dia mais presente nas grandes cidades: o morador de rua. Nas primeiras cenas de Sem Abrigo, Valéria lembra uma mulher comum, circulando apressada pelas ruas do centro de Porto Alegre em...

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Publicado por em set 3, 2018 em Artigos, Destaque |

Dois bons longas em Gramado 2018

Dois bons longas em Gramado 2018

por Sergio Alpendre, integrante do Júri da Crítica no 46º Festival de Cinema de Gramado, especial para o site da ACCIRS Recorte é recorte. Se é pessoal, não tem como ser totalmente objetivo. Algo do gosto de cada curador estará presente, compondo uma seleção em que é praticamente impossível ter só filmes bons, segundo o olhar de um outro. Tendo um bom, entre oito, dez, doze ou quinze, já vale a viagem. Pois os filmes bons são raros, sempre foram, e um festival que acompanha um cenário contemporâneo fatalmente exibirá mais filmes ruins do que bons. É inevitável. E o 46º Festival de Gramado nos brindou com dois bons longas brasileiros (um deles, na verdade, muito bom). Dois belos e distintos exemplos do que podemos fazer de melhor. Um é trôpego, anárquico, crítico e autocrítico, sarcástico e sujo. O outro é redondinho, mas com arestas muito bem controladas e atenção rara aos detalhes do cotidiano. Um é dirigido por um cineasta já bem conhecido do público, e mistura animação...

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Publicado por em set 3, 2018 em Artigos, Festival de Gramado |

O hibridismo chegou ao Sul

O hibridismo chegou ao Sul

Apontamentos sobre a mostra de longas gaúchos no Festival de Gramado por Ivonete Pinto, mediadora dos debates da Mostra de Longas-metragens Gaúchos do 46º Festival de Cinema de Gramado, especial para o site da ACCIRS A mostra de longas gaúchos desta 46ª edição do Festival de Cinema de Gramado foi representativa da atual produção do Estado. Nada que salte aos olhos, mas ao apontar para uma multiplicidade de temas e para o real como combustível para contar histórias, sai de um marasmo que já estava se tornando habitual. Sobre as temáticas, vale ressaltar nesta seleção, que há muito não se viam filmes tão diferentes em suas geografias. Dos 18 filmes inscritos, cinco preencheram as tardes do festival, com direito a debates acalorados na sequência (alguns, ao menos). Vimos as montanhas do Aconcágua argentino em Arrieros; o Oriente Médio em A Palestina Brasileira; o Rio de Janeiro em Grandes Médicos; a Porto Alegre e o mundo/internet em Yonlu e o interior gaúcho em Música para Quando as Luzes se Apagam....

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Publicado por em set 3, 2018 em Artigos, Festival de Gramado |

A casa como extensão da vida

A casa como extensão da vida

por Adriana Androvandi, para o Correio do Povo e ACCIRS Entre algumas questões em destaque no 46º Festival de Cinema de Gramado, foi perceptível que a desigualdade econômica continua mobilizando a classe cinematográfica a realizar produções que servem como denúncia social e propõem uma reflexão crítica, para além da estética. Um dos temas que perpassou mais de uma produção neste ano foi o da moradia e da especulação imobiliária. A casa, vista como uma extensão da própria existência humana, é um direito inexistente para grande parte dos brasileiros. No longa brasileiro Mormaço, de Marina Meliande, a temática foi abordada em tom de fábula, com uma atmosfera angustiante, em que o som ganhou papel especial. Alternando sequências ficcionais e documentais, a narrativa se desenvolveu em meio a situações de despejos que ocorrem especialmente quando cidades são preparadas para grandes eventos, como Olimpíadas ou Copa do Mundo. Neste sentido, o filme, ao registrar a resistência de alguns membros da Vila Autódromo, na capital fluminense, para não deixar seu espaço, serviu como...

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