Permanência e mobilidade em Mulher do pai
Por Danilo Fantinel, especial para o site da Accirs Permanência e mobilidade duelam incessantemente em Mulher do pai, filme que expõe as contraposições e complementaridades entre homem e mulher no contexto micropolítico do cotidiano familiar. No primeiro longa da diretora Cristiane Oliveira, uma avó morre deixando seu filho adulto, cego e solteiro, aos cuidados de sua filha adolescente, na fronteira brasileira com o Uruguai. A promessa velada de renovação do ciclo que garantiria ao pai a assistência filial quebra-se quando a menina deixa aflorar seus próprios desejos, vontades e planos. Bronco, Ruben (Marat Descartes) tem problemas para se relacionar com o local onde mora e com as pessoas com quem convive. Sua cegueira fisiológica reflete também cegueira social, falta de visão de mundo, apagamento comunitário, inabilidade familiar – condição essa que o afastou de sua filha, de quem agora depende e com quem mal conversa. Confinado em casa, Ruben é flagrado em cenas duais pela fotografia do filme, que por um lado o enquadra perto de janelas e portas...
Leia Mais