Ponto de Vista: Um olhar sobre “Ponto Zero”, por Adriano de Oliveira Pinto
Quase trinta anos após codirigir O Dia em que Dorival Encarou a Guarda (1986), um curta fundamental não apenas na história do cinema gaúcho, mas também brasileiro, José Pedro Goulart estreia na direção de longas com Ponto Zero (2015), um artigo diferenciado em relação ao status quo da produção nacional. O extenso e reconhecido trabalho do cineasta ao longo de décadas na elaboração de filmes publicitários certamente contribuiu em muito para a construção estético-visual de seu longa e fez disso o ponto mais forte da obra. A esmerada fotografia de Rodrigo Graciosa é audaz: faz enquadramentos inusitados, trabalha luz e sombra de modo expressionista, explora as influências noturnas nos matizes, usa bem o close como arma emotiva, emprega câmera trepidante, realiza planos longos e curtos com igual destreza. O design de som, a montagem e a cenografia não são impecáveis, mas funcionam muito bem aos propósitos narrativos. E a trilha sonora de Leo Henkin, um pouco etérea e bastante melancólica, se apresenta um pano de fundo mais do que adequado...
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