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Publicado por em mar 22, 2016 em Artigos |

Glauco do Brasil (2015), por Cristiano Aquino

Glauco do Brasil (2015), por Cristiano Aquino

  Glauco do Brasil, documentário a respeito da vida e da obra de Glauco Rodrigues, pintor e gravurista gaúcho de Bagé, em seu título nos faz pensar em um artista valorizado por nosso país e pouco conhecido no mundo afora. Infelizmente, não é esse o caso. A verdade é que o longa dirigido com habilidade por Zeca Brito nos mostra um artista de vasta obra, porém mais conhecido internacionalmente, especialmente na França, do que por nós, que fomos vizinhos de Glauco a vida toda. Com depoimentos de colecionadores de arte, artistas retratados e aficionados por sua obra, a vida de Glauco Rodrigues vai se descortinando aos pouquinhos, apresentando ao espectador seu processo de criação, os motivos de sua obra e os lugares por onde pintou e viveu, de Bagé a Roma, passando por Porto Alegre e Rio de Janeiro. Um excelente material para um documentário pode resultar em um trabalho fraco. Para isso, basta uma montagem mal feita. Mas esse não é o caso de Glauco do Brasil. Ao...

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Publicado por em mar 8, 2016 em Artigos |

Tormenta (2015), por Filipe Pereira

Tormenta (2015), por Filipe Pereira

  Documentário em média metragem bastante ligado as raízes gaúchas da artista biografada, Tormenta é um filme de Lucas Costanzi que narra um pouco da substancial carreira da artista plástica carioca Vera Tormenta Goulart, que trocou a localidade praiana do Rio de Janeiro pelo ambiente da Serra Gaúcha, onde sua arte poderia proliferar com maior vazão. O filme ajuda a investigar a aura ao redor de uma artista intimamente ligada a paisagem que escolheu para ser seu lar, a cidade de Vacaria. Ao invés de produzir um recordatório que explique a trajetória da artista que já produz desde seus treze anos, a escolha do diretor foi em permitir que a própria voz de Goulart contasse em prosa e verso os momentos importantes de sua atual vivência, acompanhado das belas paisagens da Paris que a inspirou e que foi seu objeto e local de estudo, enquanto aluna da academia do Louvre. A lucidez de Vera e a facilidade em discorrer sobre a própria vida e carreira talvez seja o maior...

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Publicado por em fev 10, 2016 em Artigos, Críticas |

Vento (2015), por Robledo Milani

Vento (2015), por Robledo Milani

  “O leitor que mais admiro é aquele que não chegou até a presente linha. Neste momento já interrompeu a leitura e está continuando a viagem por conta própria”. Com esses singelos dizeres de Mário Quintana, o inesquecível “poetinha”, a diretora Betânia Furtado inicia o belo Vento, curta de animação finalizado na metade de 2015 e que teve uma das suas primeiras exibições públicas no dia 30 de janeiro de 2016, durante 19° Mostra de Cinema de Tiradentes, em Minas Gerais. Em pré-estreia nacional, o filme de apenas 13 minutos foi apresentado dentro da Mostrinha, uma programação especial de filmes voltados ao público infantil. Mas o que se vê na tela é indicado a qualquer tipo de espectador, sem delimitação de idade. Em cena, acompanhamos o cotidiano de Gabriel, uma criança solitária. Ele vive com os pais em uma comunidade beira-mar que vive da pesca e das variações do tempo. A única certeza ali parece ser o som do vento, que sopra sem parar e é, em última instância,...

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Publicado por em fev 5, 2016 em Artigos, Críticas |

As Aventuras do Avião Vermelho (2014), por Monica Kanitz

As Aventuras do Avião Vermelho (2014), por Monica Kanitz

  Os realizadores gaúchos Frederico Pinto e José Maia assinam a direção de As Aventuras do Avião Vermelho, longa de animação adaptado do livro homônimo de Erico Verissimo. A obra original é de 1936; o filme chegou aos cinemas no final de 2014. Apesar de todo este distanciamento, o roteiro da história (feito a seis mãos por Frederico Pinto, Camila Gonzatto e Emiliano Urbim) garante a originalidade da história protagonizada por Fernandinho, um garoto travesso de 8 anos que literalmente atormenta quem está à sua volta. Num universo que oferece recursos cada vez mais especiais e mirabolantes, As Aventuras do Avião Vermelho parece um desenho animado à moda antiga. Os personagens – todos criados no papel – têm traços simples e estão cercados de uma certa ingenuidade. Mas o Fernandinho do filme já vive numa época de videogame, celular e sabe bem o que significa ser hiperativo. Na falta da mãe (que já morreu), o pai sempre ocupado tenta acalmar o guri de várias maneiras, até que descobre o...

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Publicado por em fev 4, 2016 em Artigos, Críticas |

Madrepérola (2015), por Leonardo Bomfim

Madrepérola (2015), por Leonardo Bomfim

  Dirigido por Deise Hauenstein, Madrepérola apresenta-se como um documentário sobre jovens mulheres que têm suas vidas afetadas pelas expectativas (dos outros e delas) diante dos padrões de beleza. O que costuma incomodar em filmes construídos a partir da montagem de entrevistas relacionadas a um grande tema, ainda mais com a limitação do tempo, é a famigerada “síndrome de Huguinho, Zezinho e Luisinho” (a definição é cortesia do crítico Sérgio Alpendre): ela surge quando a pluralidade dos depoimentos de diversas pessoas é espremida e unificada na tentativa de construir uma linha narrativa singular – geralmente baseada num interesse prévio do realizador. Em suma: filmes de escuta feitos por quem não quer ouvir.   Em Madrepérola, as perguntas que ficam no ar parecem confirmar essa estrutura. Por exemplo: uma mulher que sempre foi gorda naturalmente tem uma vivência diferente de outra que engordou num determinado momento. Não sabemos muito bem quem está compartilhando aquelas narrativas. E sobram frases, pedaços de histórias. Mas é justamente na suposta traição de uma complexidade...

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Publicado por em jan 26, 2016 em Artigos, Críticas |

Outono Celeste (2015), por Renato Cabral

Outono Celeste (2015), por Renato Cabral

  Uma garota, Clara (Ana Paula Schneider) e seu namorado (Ian de Mello) acampam à noite em uma floresta. Essa premissa já clama para um filme de suspense, terror e, como é o caso, de ficção-científica. Trabalhar esta mescla de gêneros é um tanto quanto previsível em produções universitárias e, dependendo, o resultado pode ficar duvidoso. Mas certamente não é o que assistimos por aqui. Partindo dos clichês próprios à temática, de certa forma, o diretor Iuri Minfroy subverte as expectativas para construir o seu Outono Celeste. Produção realizada através da Universidade Federal de Pelotas, da qual diretor e equipe são graduandos em Cinema e Audiovisual, somos impactados na trama já de início, quando o namorado é pulverizado por um ser extraterrestre. E é a partir daí que a história, que possui apenas uma fala, se desenrola. Nossa protagonista se vê sozinha com esse invasor e, assim é construída uma relação que beira ao voyeurismo. Os espaços de ambos vão sendo invadidos aos poucos, um pelo outro. Através de...

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