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Publicado por em jan 25, 2016 em Artigos, Críticas |

Prova de Coragem (2015), por Marcos Santuario

Prova de Coragem (2015), por Marcos Santuario

  Em Prova de Coragem, o diretor Roberto Gervitz coloca na tela medos e desejos individuais e do casal formado por Hermano (Armando Babaioff) e Adri (vivida pela premiada Mariana Ximenes). Hermano, aos 35 anos, está encurralado em aceitar a transformação de sua vida na relação com Adri, ou partir para uma escalada temerária à Terra do Fogo, como uma prova pessoal para resolver questões de seu passado, pessoal e psicológico. São as escolhas deles e a capacidade de lidar com a busca de uma liberdade idealizada que norteiam a tal vida adulta que começam a visualizar com mais clareza. O Hermano de Prova de Coragem é diferente do Mário, personagem de outro trabalho de Gervitz, Feliz Ano Velho (1987) – uma aplaudida livre adaptação do diretor, com base no livro do escritor Marcelo Paiva. São buscas diferentes, situações limite diferentes, mas em comum os sentimentos de vida. Gervitz já revelou que o filme trata, entre outras coisas, da individualidade e do narcisismo contemporâneos. Em um filme intimista, centra...

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Publicado por em jan 6, 2016 em Artigos |

Filmes inéditos no Rio Grande do Sul em 2015

Filmes inéditos no Rio Grande do Sul em 2015

Fim de ano, velho problema: a desvantagem do cinéfilo que vive em Porto Alegre (e no estado do Rio Grande do Sul, por consequência) em relação a outras capitais. Se temos muitas opções de salas alternativas e um número generoso de mostras e festivais, também é grande a quantidade de filmes importantes que não ganham lançamento comercial nos cinemas da cidade. Em 2015, Porto Alegre não pôde ver, por exemplo, um vencedor da Palma de Ouro em Cannes (Winter Sleep), do Leão de Ouro em Veneza (Um Pombo Pousou num Galho Refletindo sobre a Existência), do Leopardo de Ouro em Locarno (Norte, O Fim da História), além de obras que receberam outros prêmios de destaque nos principais festivais do mundo (Amor à Primeira Briga, Party Girl, As Maravilhas, A Gangue). Nem mesmo a chancela da indicação ao Oscar fez com que filmes como Timbuktu, O Conto da Princesa Kaguya e Leviatã ganhassem espaço de exibição por aqui. Dois mil e quinze foi um ano de transição. Aos poucos, a...

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Publicado por em set 10, 2014 em Artigos, Destaque, Em destaque, Festival de Gramado |

50 Anos de Crítica

50 Anos de Crítica

Um dos destaques do Festival de Cinema de Gramado foi o debate “50 Anos de Crítica: Enéas, Goida e Hélio” promovido pela Associação de Críticos de Cinema do RS (ACCIRS) e a Associação Brasileira de Críticos de Cinema (ABRACCINE). O encontro ocorrido no dia 12 de agosto teve a presença de Enéas de Souza, Goida e Hélio Nascimento, os mais respeitados críticos de cinema do Rio Grande do Sul, foi filmado pelo associado Cristiano Aquino e agora está disponível no YouTube. A longevidade do trio na área ultrapassa meia década. Verdadeiros pensadores do cinema, o poder analítico dos três fica evidenciado nos textos que publicam nos jornais, revistas e livros. Seus interesses paralelos (economia, filosofia, música, pintura, quadrinhos) e o conhecimento das cinematografias norte-americana e europeia sempre enriqueceram a análise dos filmes, resultando em diferenciais de difícil equiparação. Confira o debate! Debate da crítica – Parte I Debate da crítica – Parte...

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Publicado por em mar 25, 2014 em Artigos, Destaque, Em destaque |

Capitão Nascimento ou José Padilha? De Quem é o Olhar?

Capitão Nascimento ou José Padilha? De Quem é o Olhar?

por André Kleinert A comparação pode soar óbvia, mas “Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro” (2010) lembra muito a segunda parte de “O Poderoso Chefão”, no sentido que ambos possuem tramas auto-contidas e independentes das obras que o precedem, mas que também servem como uma forma de complementar o sentido dos filmes iniciais. Se na obra original de 2007 o diretor José Padilha determinava um ritmo narrativo vertiginoso para mostrar a trajetória obsessiva do Capitão Nascimento (Wagner Moura) em encontrar um substituto para si além de prender ou matar os marginais que apareciam pelo caminho, nesta continuação ele opta por uma linha mais reflexiva e cerebral, intercalando com econômicas, mas precisas, sequências de ação. Mesmo com uma trama que se desenvolve muito mais em diálogos e nos ambientes fechados de gabinetes, a tensão é sempre constante. Tal opção formal e temática não é gratuita, tornando “Tropa de Elite 2” uma obra bastante diversa daquela que a precedeu. Se nesta enxergávamos quase que somente a violência...

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Publicado por em mar 25, 2014 em Artigos, Em destaque |

O Novo Cinema Novo

O Novo Cinema Novo

por Hiron Goidanich “Chorei”, contou um amigo, ao falar do documentário “Uma Noite em 67” (2010). Ele também já passou dos setenta anos. Entretanto, o trabalho de Renato Terra e Ricardo Calil não atinge só os velhos, que foram testemunhas vivas daquela data. Muitos jovens que nem eram nascidos em 1967 também se comoveram com essa lembrança dos festivais de música brasileira, criados pela TV Record. Mas bota tempo nisto. Um tempo em que não existiam – pelo menos com a força que tem hoje – as igrejas pentecostais e seus “homens de fé”. Ou melhor, os tesoureiros de um dízimo destinado a Cristo. E ainda não estávamos vivendo a era plena dos vídeos. Tudo era filmado ao vivo, muito em câmeras de 16mm, que permitiam uma mobilidade total dos operadores. A gente era transportado do palco e da platéia até os bastidores, numa intromissão verdadeiramente documental. Tudo com boas imagens, criando um contraste com os personagens nos dias de hoje. Edu Lobo. Chico Buarque. Caetano Veloso. Gilberto Gil....

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Publicado por em mar 25, 2014 em Artigos, Destaque, Em destaque |

Dzi Croquettes: A Realidade Manchada Pelo Subjetivo

Dzi Croquettes: A Realidade Manchada Pelo Subjetivo

por André Kleinert O panorama dos documentários brasileiros tem se mostrado com uma gama razoavelmente ampla de direções estéticas. Nesse sentido, o caminho mais radical apresentado é o de Eduardo Coutinho, que em seus filmes mais recentes questiona os próprios fundamentos do cinema documental ao deixar evidente que depoimentos ditos espontâneos podem trazer uma carga de interpretação por parte de quem os profere, assim como o encadeamento de cenas revela uma certa manipulação do olhar no sentido de trazer uma visão pessoal de seu realizador. Por outro lado, há uma tendência artística em uma outra linha de produções documentais cujo enfoque é muito mais no objeto temático do que na sua linguagem formal. Essa intenção de privilegiar os fatos registrados vem do desejo de seus realizadores em trazer à tona uma série de episódios e personagens de caráter histórico importante que, por motivos diversos, encontram-se na obscuridade perante a maioria do público. Diante desse quadro, “Dzi Croquettes” (2009) apresenta opções que revelam uma aparente e saudável esquizofrenia. Em um...

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