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Publicado por em mar 25, 2014 em Artigos |

Utopia e Barbárie

por Rodrigo de Oliveira O cineasta carioca Silvio Tendler é um apaixonado por história e por política. Não é necessário muito esforço para entender isso, visto que seus trabalhos são invariavelmente focados nestes dois universos. São dele os ótimos documentários Os Anos JK – Uma Trajetória Política, de 1980, e Jango, de 1984, títulos indispensáveis na história do gênero cinematográfico no Brasil. O novo longa-metragem de Tendler tem esta marca do autor e conta com um trabalho paciencioso do cineasta, que passou 19 anos coletando entrevistas e depoimentos de figuras que viveram momentos paradigmáticos na História para montar este grande mosaico chamado Utopia e Barbárie. O filme é uma visão bastante particular de Silvio Tendler sobre momentos bombásticos e revolucionários universais, como a Segunda Guerra Mundial, a Guerra do Vietnã, a Revolução Cubana, a Ditadura Militar no Brasil, a Ditadura de Pinochet no Chile, a queda do muro de Berlim, entre tantos outros assuntos. A narrativa é sempre costurada com reflexões e memórias do próprio cineasta, que são transmitidas...

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Publicado por em mar 25, 2014 em Artigos |

Revisão de Utopias Perdidas

por Adriana Androvandi No documentário “Utopia e Barbárie”, o cineasta Silvio Tendler faz uma revisão da política e da economia no mundo desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Com narração de Letícia Spiller e Chico Diaz, o filme traz imagens, vídeos e noticiários de época. O foco apresenta um viés da esquerda. Mostra como muitos sonhos comunistas e socialistas foram caindo ao longo de décadas para os que sonharam com aqueles ideais. O diretor levou 19 anos para realizar este longa-metragem, fazendo entrevistas em 15 países com protagonistas da história, como o General Giap, um dos estrategistas do exército vietnamita durante a Guerra do Vietnã, além de testemunhas e vítimas. Ele passa por fatos como a bomba atômica, o Holocausto, o ano de 1968, a Operação Condor, a queda do Muro de Berlim, até chegar à ascensão do neoliberalismo. Tendler também aborda a história brasileira, quando entrevista ex-presos políticos da ditadura militar, jornalistas, filósofos e sociólogos que passaram pelos anos de chumbo e vivenciaram a abertura política. Do...

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Publicado por em mar 25, 2014 em Artigos |

Os Inquilinos

por Rodrigo de Oliveira Criamos muros que nos dão a garantia de que morreremos cheios de uma vida tão vazia. Humberto Gessinger e seus Engenheiros do Hawaii cantavam a música Muros e Grades no começo dos anos 90, apontando um fato que é verdadeiro até hoje: a população cada vez mais temerosa com a violência acaba se encarcerando dentro de suas próprias casas, vivendo uma vida “que leva a nada”. Os muros das residências viraram fortes que afastam as pessoas dos problemas alheios. É basicamente isso que vive a família protagonista do mais recente trabalho do cineasta paranaense Sérgio Bianchi, Os Inquilinos. No roteiro assinado por Beatriz Bracher, baseado no conto de Vagner Geovani Ferrer, acompanhamos a rotina da família de Valter (Marat Descartes) e Iara (Ana Carbatti), moradores da periferia de São Paulo em um período bombástico na cidade, os ataques do PCC. Ela, dona de casa, cuida de dois filhos. Ele, trabalhador e estudante, passa o dia em uma companhia de entrepostos de frutas e, à noite,...

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Publicado por em mar 25, 2014 em Artigos |

Os Famosos e os Duendes da Morte

Por Rodrigo de Oliveira Um dos trabalhos do diretor Esmir Filho ficou bastante conhecido no Brasil através da Internet: Tapa na Pantera, uma engraçada sátira sobre os resultados do contínuo uso da maconha, estrelado por uma hilária Maria Alice Vergueiro, um dos vídeos mais vistos no You Tube. Agora, com seu primeiro longa-metragem, Os Famosos e os Duendes da Morte, o cineasta não poderia ter se distanciado mais do estilo do curta-metragem que lhe deu notoriedade. Com uma verve poética, dylanesca, angustiante e introspectiva, o filme é uma verdadeira jornada para dentro da mente de um jovem que tem na música folk e na Internet seus únicos momentos de relativa paz. Na trama, assinada por Ismael Caneppele (também ator do filme) e Esmir Filho, conhecemos um rapaz (Henrique Larré), mas nunca sabemos seu nome. Ele vive com sua mãe (Áurea Baptista) em uma pequena cidade do interior do Rio Grande do Sul, dividindo seu tempo entre ir ao colégio, ouvir música e navegar na Internet. Em seu blog, escreve...

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Publicado por em mar 25, 2014 em Artigos |

O roteiro e o roteiro “casa pré-fabricada”: o caso de quatro filmes nacionais

por Ivonete Pinto Assim como o cinema brasileiro, cujos filmes são subsidiados pelo estado através das leis de incentivo, pagam o preço de não poder criticar os poderes econômicos instituídos (incluindo o próprio governo, a Petrobras e o sistema bancário), ficamos presos a um compromisso “moral” de não encontrarmos grandes defeitos nos filmes brasileiros. Antes, porque eram tão difíceis de ser produzidos, agora, porque a exibição é tão difícil. Uma complacência com as condições desfavoráveis do meio, mas que limita a crítica. E é comum uma certa complacência também para com roteiros ruins, já que estamos mais ou menos acostumados com a ideia de que no Brasil não há bons roteiristas, como se fosse uma doença congênita. Não temos bons roteiristas e ponto final. Seria preciso pensar, no entanto, que essa responsabilidade tem que ser dividida com os diretores, que sempre se colocaram “acima” de tudo e, nesta condição, vêem-se como as pessoas ideais para escreverem seus roteiros. Quando muito aceitam outros nomes para “ajudar” na escrita. A crítica...

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Publicado por em mar 25, 2014 em Artigos |

O Amor Segundo B. Schianberg

Por Rodrigo de Oliveira Lembra daquele filme do cineasta britânico Michael Winterbottom chamado 9 Canções? Aquele no qual um casal vai a vários shows no Brixton Academy, em Londres, conversam coisas sem importância e fazem muito sexo? Bom, retire os números musicais e o sexo explícito e você pode ter uma idéia do que é O Amor Segundo B. Schianberg, mais recente trabalho do cineasta Beto Brant. Não quero dizer com isso que este longa-metragem sofre de falta de criatividade ou que não é interessante. Pelo contrário. Mas não pude deixar de fazer a relação entre estes dois trabalhos assim que assistia a essa peculiar obra audiovisual do diretor de O Invasor e Cão Sem Dono, feita originalmente para a TV Cultura. É com Cão sem Dono, aliás, que Amor Segundo B. Schianberg encontra maiores relações. Em comparação, parece que Beto Brant estava experimentando com aquele filme uma forma leve de mostrar cenas cotidianas, em relação à total desdramatização apresentada neste novo longa-metragem. O que o cineasta faz é...

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