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Publicado por em mar 25, 2014 em Artigos |

Lula, o filho do Brasil – um melodrama emocionante ou uma hagiografia despolitizada?

Por Maria do Rosário Caetano Os primeiros quinze minutos de “Lula, o Filho do Brasil”, recriação cinematográfica do livro homônimo de Denise Paraná, evocam clássicos cinemanovistas da linhagem de “Vidas Secas” (Nelson Pereira dos Santos, 1963). Lá estão o chão seco, as plantas raras, os bichos poucos, o pai bruto, a mãe de prole numerosa. O pai, de nome Aristides (Milhem Cortaz), que aparenta ter mais amor pelo cachorro doméstico do que pelos filhos, abandona a casa, a esposa e os meninos para tentar a sorte numa grande metrópole do sudeste. Escondida atrás de uma árvore seca e retorcida, o espera uma adolescente (Mocinha, interpretada pela atriz Rayana Carvalho), já grávida. Mais tarde saberemos que a mocinha é prima de Dona Lindu, a mãe dos filhos de Aristides (interpretada com segurança por Glória Pires). A história ganha um novo espaço: a Baixada Santista. O homem que migrou do agreste pernambucano e estabeleceu-se num barraco em Itapema (hoje o bairro de Vicente de Carvalho, no Guarujá) vive maritalmente com Mocinha...

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Publicado por em mar 25, 2014 em Artigos |

O ainda não famoso Os Famosos e os Duendes da Morte

Por William A. Silveira Após a exibição de Os famosos e os duendes da morte, a única certeza a imperar na sala de cinema era a de que acabáramos de assistir a um filme que não se dispunha a estar ali apenas como mais um, engrossando os números da produção nacional. Sem conseguirmos absorve-lo por completo, a única asserção plausível era a de que ainda precisaríamos aguardar um tempo indeterminado até que fosse possível enquadrá-lo – ou seja, receber o devido reconhecimento – no cenário do cinema nacional. Primeiro trabalho de fôlego de Esmir Filho, diretor conhecido e premiado por seus curtas-metragens (Ato II, Cena 5; Impar Par; Tapa na Pantera; Alguma coisa assim; Vibracall; Saliva), Os famosos carrega consigo duas importantes considerações. A primeira, de caráter pessoal, diz respeito aquilo que se costuma chamar de “cartão de visitas” do cineasta. Por mais que se possa argüir diferentemente, alegando que tal interesse não passa de excentricidade de críticos e cinéfilos, a verdade é que apresentar-se de forma contundente para...

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Publicado por em mar 25, 2014 em Artigos |

Viagem onírica em universo real

Por Macus Santuário Depois de vencer diversos festivais, como o Festival Internacional do Rio de Janeiro e de Punta del Este, “Os Famosos e os Duendes da Morte”, dirigido por Esmir Filho, chegou às telas em 2010 com um ar daquelas produções que têm espaço garantido no imaginário dos cinéfilos mais exigentes. Cercado de uma atmosfera que mescla imagens significativas com discursos já introjetados no imaginário de uma cidade interiorana, o filme é envolvente e ousado. Na trama, uma pequena cidade na geografia gaúcha que tem ascendência germânica serve de cenário para tratar de adolescência, buscas, horizontes possíveis e lembranças. Esmir é o diretor do famoso “Tapa na Pantera”, curta que foi sucesso de visualizações na Internet e também provocou ataques pelos que o consideraram uma apologia à maconha. E foi com a audácia já conhecida que o diretor tomou o conteúdo do livro de Caneppele para refletir na tela sentimentos, pensamentos, medos e desejos de uma geração que trata de encontrar seu rumo entre o real e o...

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Publicado por em mar 25, 2014 em Artigos |

Crítico

por Rodrigo de Oliveira Não é necessário ser crítico de cinema para apreciar o bom trabalho do colega de profissão Kleber Mendonça Filho no longa-metragem Crítico. Basta o espectador ter um pequeno interesse pelo trabalho, já ter lido alguma coisa a respeito ou ao menos ter a opinião forte sobre um filme que o valha. Isso será ferramenta suficiente para que ele saia do cinema entendendo um pouco mais esta profissão tão prazerosa de se fazer, mas ao mesmo tempo, tão incompreendida. Um crítico de cinema é um cinéfilo, em primeiro lugar – ou deveria ser. Uma pessoa que ama a sétima arte e deseja dedicar seu tempo a entendê-la, destrinchá-la, dissecá-la. O seu trabalho é fazer o meio de campo entre a obra audiovisual e o público. Seja divulgando uma produção, através de uma resenha, seja a criticando, através de um texto opinativo, seja a traduzindo, através de um texto analítico. São várias as funções de um crítico de cinema. Inclusive escutar pacientemente as críticas sobre as suas...

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Publicado por em mar 25, 2014 em Artigos |

Cidadão Boilesen

Por Rodrigo de Oliveira Cidadão Boilesen dirigido por Chaim Litewski e vencedor do Festival É Tudo Verdade em 2009, é um documentário que agrega mais um capítulo cinematográfico importante na história do cinema brasileiro. É salutar que cada vez mais cineastas voltem suas câmeras para este momento histórico traumático do país. Seja para entender o que aconteceu na época (e também relembrar estes fatos às gerações que viveram o período), seja para apresentar uma dura realidade às novas gerações e até mesmo assegurar que nunca mais seremos vítimas de tais atrocidades. O documentário traz informações interessantes – e novas – para quem nunca foi muito a fundo no período. Por isso é tão válido. O diretor mostra em seu trabalho que a Ditadura não se manteve no poder sozinha. Não foi apenas um golpe militar, mas também civil. Diversos empresários ajudaram a financiar a máquina do governo, alguns por medo, outros por convicção. E, de acordo com o documentário, Boilesen ajudava por prazer. O dinamarquês veio ao Brasil ainda...

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Publicado por em mar 25, 2014 em Artigos |

Caro Francis

por Chico Izidro Paulo Francis foi, talvez, o mais importante e polêmico jornalista brasileiro da história. Morto em fevereiro de 1997, em pleno carnaval, ele ainda mantém uma enorme gama de fãs e detratores. Em Caro Francis, Nelson Hoineff (que criou o Documento Especial – quem não se lembra daquele programa jornalístico-sensacionalista da extinta Rede Manchete?), relembra a trajetória do jornalista, usando imagens de arquivo e também depoimentos de amigos e da esposa, Sonia Nolasco. E é aí que o documentário tropeça, pois é por demais concedente com Paulo Francis. Ele é mostrado quase como um santo, protetor dos fracos e desempregados e amante dos animais. Mas falta o outro lado. Mesmo a parte em que é lembrada a polêmica com o ombudsman da folha de S. Paulo, Caio Túlio Prado, em 1990, Francis é visto mais como vítima, enquanto que o ombudsman é taxado de lagartixa por Diogo Mainardi. Francis começou a carreira como crítico de teatro e comunista. Depois da passagem pelo Pasquim, acabou preso pelo regime...

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