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Publicado por em mar 25, 2014 em Artigos |

Filme de horror não-ficcional (Procedimento Operacional Padrão, 2008)

por Marcelo Oliveira da Silva Independente do que o futuro reserve ao Iraque, a incursão dos Estados Unidos será sempre lembrada no país pelos abusos infligidos aos prisioneiros iraquianos na penitenciária de Abu Ghraib, na periferia de Bagdá. Através de entrevistas com aqueles guardas e alguns de seus superiores, o filme Standard Operating Procedures (em tradução aproximada, algo como “procedimentos operacionais padrões”) examina as fotos de iraquianos nus, com o rosto coberto por calcinhas e sutiãs, obrigados a compor situações embaraçosas com outros prisioneiros igualmente desmoralizados, e reconstitui o contexto daquela macabra luxúria militar. Mais do que falar sobre o caso, Errol Morris, autor do primeiro documentário a entrar na mostra competitiva em 58 anos do Festival do Cinema de Berlim, conversou com a imprensa sobre a própria natureza do filme documental. Morris entrevistou na maioria dos casos ex-soldados que foram enviados ao Iraque em 2004, quando recém saíam da escola. Vemos apenas seus rostos nos olhando nos olhos. O espectador tem o mesmo ponto de observação de Morris....

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Publicado por em mar 25, 2014 em Artigos |

Crime sem castigo (Match Point, 2005)

por Enéas de Souza O que resvala, o que inquieta no filme Match Point, de Woody Allen, é o ardil que o cinema tem ao narrar um problema subjetivo, mostrando imagens que aparecem como se elas tivessem um caráter objetivo. A imagem mental surge como se fosse imagem do mundo. E, ao mesmo tempo, essas falsas imagens objetivas acabam por interrogar a subjetividade do espectador. Logo, a dialética do subjetivo e do objetivo está inscrita na narração do personagem central, o arrivista Chris Wilton. Fica bem clara a astúcia do roteirista e do cineasta: a história não é contada na terceira pessoa, mas sim na primeira. É como Don Casmurro de Machado de Assis. E a força da ambigüidade do cinema faz o outro lado da magia, nos captura. Este relato, de fato, tem tudo para nos atingir (e nos atinge), porque é a narrativa de um ganho que, em verdade, é uma perda. E a perda é o substrato básico desta intriga, o seu tesouro moral e psíquico....

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Publicado por em mar 25, 2014 em Artigos |

Como foi o futuro? (Entrevista com Jean-Claude Bernadet)

por Daniel Feix O tradicional balanço de final de temporada, na virada de 2003 para 2004, confirmou o ano que terminava como aquele em que o público brasileiro definitivamente reencontrou o cinema nacional. Mais de 21% dos ingressos vendidos nas bilheterias das salas de exibição diziam respeito a sessões de filmes brasileiros – número que não se via desde 1988 e que, com isso, estabelecia o recorde da fase conhecida como “retomada” da produção nacional. Na comparação com o ano anterior, a quantidade de espectadores que foi aos cinemas assistir a um título brasileiro (22 milhões) aumentou em mais de 200%. Entre os 10 filmes mais vistos em 2003, segundo dados da Filme B, três eram brasileiros: Carandiru (4,6 milhões de espectadores), Lisbela e o Prisioneiro (3,1 milhões) e Os Normais (2,9 milhões). Além desses, também passaram de 1 milhão de espectadores: Xuxa e os Duendes 2 (2,3 milhões), Maria, Mãe do Filho de Deus (2,2 milhões), Didi – o Cupido Trapalhão (1,7 milhão) e Deus É Brasileiro (1,6...

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Publicado por em mar 24, 2014 em Artigos |

O instinto selvagem da guerra (A Espiã, 2006)

por Adriano de Oliveira Pinto A Espiã, novo filme de Paul Verhoeven, permite ao menos duas leituras, bastante diversas entre si. Pode ser encarado como um (ótimo) thriller ambientado na II Guerra Mundial, e também revela uma face mais profunda do ponto de vista analítico, então surgindo como um pequeno estudo psicológico e social do ser humano, ao tratar de questões tais a identidade pessoal e a mudança de comportamento face à necessidade de sobrevivência durante um período de caos, como a guerra. O filme resgata a pouco contada história da Resistência Holandesa na II Guerra, vista au passant pelo cinema americano, e em poucas oportunidades. Dois desses raros exemplos aparecem em Atraiçoados (1954), estrelando Clark Gable e Lana Turner, e a megaprodução Uma Ponte Longe Demais (1977), dirigida por Richard Attenborough, com um elenco estelar (Sean Connery, Michael Caine, Anthony Hopkins, Robert Redford, Laurence Olivier) – esta, abordando a fracassada operação Market-Garden realizada com o intuito de libertar a Holanda, tocava muito rasamente no tema. Verhoeven já havia...

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Publicado por em mar 24, 2014 em Artigos |

Cláudio Cunha lembra como era gostoso o nosso cinema

por Laura Cánepa e Remier Lion Na década de 1970, Cláudio Cunha foi um dos mais poderosos produtores da chamada Boca do Lixo paulistana, local onde se produziram os principais filmes do ciclo conhecido como pornochanchada. Entre os grandes sucessos do produtor e diretor estão títulos hoje pouco lembrados, mas que levaram milhões de brasileiros ao cinema, tais como Snuff – Vìtimas do Prazer (1977), Amada Amante (1978) e A Dama da Zona (1979). Afastado do cinema desde a metade dos anos 80, hoje, Cunha, aos 58 anos, está no livro Guinness como produtor e ator do espetáculo teatral mais longevo do mundo – O Analista de Bagé, em cartaz nos teatros brasileiros desde 1983. Nesta entrevista, ele soltou o verbo e disse o que pensa do passado, do presente e do futuro do cinema brasileiro. Fale um pouco sobre como você chegou ao cinema. Cláudio Cunha – Minha primeira participação no cinema foi como ator, num filme do Roberto Mauro chamado As Mulheres Amam por Conveniência (1972). Na...

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Publicado por em mar 24, 2014 em Artigos |

Um olhar sobre a Índia (Livro Um Spa na Índia)

por Hiron Goidanich, o Goida Primeiro, veio o documentário: Índia, do Deserto ao Ganges. Apenas 40 minutos, rodados com câmera digital. A Luciana Tomasi – sócia da Casa de Cinema de Porto Alegre – achava que as imagens não tinham ficado boas. “Sou péssima câmera, pois sou muito ansiosa… Não sei se vai render um documentário… As fotografias devem estar melhores que as imagens em movimento”. Os poucos privilegiados que viram o documentário gostaram. Com um poder de síntese ótimo, montagem perfeita, a Luli fez um trabalho bom. Dispensou a narrativa, usou somente músicas que se ouviam nas ruas, nos templos, castelos e os lugares que percorreu. Há indicações com os nomes: Nova Délhi, Jaipur, Pushkar, Jodhpur, Jaisalmer, Udaipur e Varanasi. Tudo para chegar numa clínica de tratamento ayurvédico em Cochin. Pelos nomes, já se vê que não foi uma viagem convencional. “A idéia era cuidar de mim, emagrecer, desestressar e fazer uma limpeza no corpo e na alma”. Daí a razão do nome do livro Um Spa na...

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