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Publicado por em mar 24, 2014 em Artigos |

O indiscreto charme de Claude Chabrol (1930-2010)

por Adriano de Oliveira Pinto O jornal francês Le Monde noticiou hoje (12/09/2010) o falecimento de um dos grandes cineastas europeus em atividade até então: Claude Chabrol, um mestre do cinema de mistério (“o Hitchcock francês”) e um grande satirizador da burguesia francesa. Chabrol era formado em Letras, trabalhou no setor de imprensa da Twentieth Century Fox francesa e depois se tornou articulista na célebre publicação “Cahiers du Cinéma”em sua fase lendária. Foi ali que se gerou o embrião da nouvelle vague, da qual foi um de seus artífices, ao lado de colegas como Truffaut, Godard e Rivette. O movimento artístico veio a revolucionar o cinema na segunda metade do século passado. Autor de mais de oitenta obras, entre cinema e TV, se mostrou prolífico o tempo todo, sendo o seu último filme lançado no Brasil em 2008: “Uma Garota Dividida em Dois”, com as belas Ludivine Sagnier e Mathilda May e a presença de Benoît Magimel no elenco. Magimel também esteve em um filme que Chabrol lançou nos...

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Publicado por em mar 24, 2014 em Artigos |

Estrada, solidão, música e Wim Wenders

por Marcelo Oliveira da Silva Foi talvez no sábado seguinte ao 14 de agosto do seu décimo segundo aniversário, há 51 anos, que o menino Ernst Wilhelm, desde sempre apelidado Wim, fez seu primeiro filme. Revelado o conteúdo da câmara 16mm, o que mais intrigou o cirurgião Heinrich Wenders foi a absoluta falta de cortes. Por três minutos, tudo que se via era a paisagem registrada desde um ângulo fixo na sacada de sua casa em Oberhausen, cidade pequena, sede do mais antigo festival de cinema da Alemanha. Corte para 1970. Wim tem 25 anos, já bandonou as faculdades de medicina e filosofia, já desistiu de ser pintor em Paris, onde acabou seduzido pelas sessões da Cinémathèque Française, em que assistia filmes de manhã à noite. Saiu de lá ao ler um anúncio da Faculdade de TV e Cinema de Munique. Seu filme de formatura, Verão nas Cidades, está na mesa de corte. Apesar de longo (teria 2h30min,), o montador que monitora o trabalho aceita os oito minutos e...

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Publicado por em mar 24, 2014 em Artigos |

Sobre a morte do poeta da incomunicabilidade (sobre Michelangelo Antonioni)

por Adriano de Oliveira Pinto Duplo golpe do destino certa vez atingiu o cinema. Não bastasse o luto pela perda do grande cineasta existencialista Ingmar Bergman, no mesmo dia, 30 de julho de 2007, foi registrado o óbito do genial Michelangelo Antonioni, o poeta da incomunicabilidade. Antonioni era economista de formação universitária, porém começou a se interessar por cinema a ponto de ingressar no Centro de Cinematografia Experimental da Cineccitá em Roma, onde estabeleceu contato com realizadores neo-realistas, o que influenciou seus primeiros trabalhos, como o curta Gente do Pó (1943). Embora se declarasse um marxista, não tardou a rodar filmes com histórias de temas mais identificados aos valores burgueses como As Amigas (1955), em um reflexo de suas abastadas origens. Um retorno ao neo-realismo se daria com O Grito (1957), com esplêndida atuação de Steve Cochran. Sua grande fase irrompe no final dos anos 1950, abrindo a “trilogia da incomunicabilidade” com A Aventura (1960). Aqui se inaugura um estilo peculiar do diretor, começando pela sua capacidade de reverter...

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Publicado por em mar 24, 2014 em Artigos |

Alexander Kluge e as imagens da teoria

por Marcelo Oliveira da Silva Aos 75 anos, o cineasta Alexander Kluge encaixa-se muito bem na expressão “músico para músicos”, que designa um compositor sem muito sucesso de público, mas bastante reconhecido entre seus pares – pelo menos em seu país. Essencialmente político e adepto do cinema de ensaio, seus filmes floresceram em meio à agitação dos anos 60, consolidaram-se na década seguinte e renderam ainda importantes prêmios em 1983, como o da Federação Internacional dos Críticos de Cinema (FIPRESCI) para O Poder dos Sentimentos (Die Macht der Gefühle), um ano após a consagração com o Leão de Ouro pelo conjunto da obra, também em Veneza. Em seus filmes não há encadeamentos fáceis, narrativas lineares, nem imagens dignas de um pintor. Tematicamente, os filmes do “doutor Kluge”, como sempre frisava Fassbinder, estão datados pelos ciclones revolucionários (reformistas, no seu caso), que culminaram em 1968 e se desdobraram até o início do colapso comunista. Entretanto, duas qualidades impediram o completo empalidecimento de seus fotogramas: a observação sempre focada nas atitudes...

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Publicado por em mar 24, 2014 em Artigos |

Tuio Becker – algumas lembranças

por Hiron Goidanich Foi amizade à primeira vista. Conheci o Tuio (1943 – 2008) lá na redação da Zero Hora, bem no início dos anos 1970. Naquela época, ele já trabalhava para o Grupo RBS, como programador de filmes no Canal 12. Era um fim de tarde. Saímos do jornal a pé, rumo ao antigo Cinema Marrocos. Uma caminhada de mais de 20 minutos, que só teve um tema: o cinema. Uma paixão mútua, que nos manteve amigos por quase 40 anos, mesmo quando aconteciam algumas divergências de opinião. Só que o Tuio não era apenas espectador e crítico (em 1973, ele já era meu interino e ainda realizava notáveis matérias sobre diretores para as páginas de ZH dominical). Era a época de ouro da cobertura cinematográfica através dos jornais. Nada de apenas uma ou duas reportagens semanais (contando os lançamentos de sexta). Todos os dias, apresentávamos nossas opiniões e às vezes até escrevíamos sobre o cinema na TV. O Tuio tinha uma vantagem sobre todos nós. Ele já...

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Publicado por em mar 24, 2014 em Artigos |

Última parada de Barreto (Última Parada 174, 2008)

por Lilian Mörschbächer Filha (aluna do curso de Realização Audiovisual da Unisinos) “E então, como é o filme?”. Era uma simples pergunta feita por amigos depois de eu ter anunciado que havia visto um dos mais novos filmes brasileiros em cartaz, Última Parada 174. Deveria ser uma resposta simples, afinal, a pergunta por si só já era simples, porém o assunto em questão não era nada simples. Como era realmente o filme? Digo, com total sinceridade, que é um ótimo filme, realmente, muito bom. O roteiro é muito bom, a fotografia é excelente e os atores são verdadeiros. Tudo que um bom filme precisa. Também, não se esperava nada contrário, levando em conta a equipe por trás dessa produção. Dirigido por Bruno Barreto, fotografia por Antoine Heberlé e arte por Claúdio Amaral, tudo acabaria em um ótimo filme, como ele, de fato é. Então, por que não falar simplesmente que o filme é ótimo? Já que ele possui tantos atributos ao seu favor? O que me prende nessa hora...

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