Coletivo de críticas de cinema se apresenta em Tiradentes
No último dia 23 de janeiro, durante a vigésima edição da Mostra de Cinema de Tiradentes, o coletivo de críticas de cinema Elviras apresentou-se ao mundo. A mesa, composta pelas críticas Flávia Guerra (SP), Ivonete Pinto (RS) e Camila Vieira (CE) falou sobre a formação do coletivo, seus principais objetivos, a presença das críticas nas associações e ainda fez um panorama sobre o atual panorama da produção audiovisual de mulheres no Brasil.
Com a sala lotada e ainda um grande número de pessoas acompanhando por um telão na área externa, a participação do público ajudou a esquentar o debate que trouxe à tona questões como a representatividade dentro do próprio coletivo, o direcionamento das estudantes de audiovisual para funções tidas até hoje como femininas e a rede de distribuição que dificulta a regionalização da crítica no Brasil.
As Elviras
Tentando reverter a crença de que há poucas mulheres que pensam e escreve sobre cinema no Brasil, em 2016 começou a se desenhar um movimento para o mapeamento dessas mulheres. Após reuniões presenciais em grandes festivais do país (Festival de Brasília, Mostra de São Paulo, Festival do Rio e Panorama Coisa de Cinema), formou-se uma rede de críticas e acadêmicas de cinema que hoje já conta com mais de 60 mulheres, com representantes de todas as regiões brasileiras.
O nome Elviras é uma homenagem à Elvira Gama, primeira mulher no Brasil a escrever sobre a imagem em movimento. Sua coluna, “Kinetoscópio” foi veiculada no Jornal do Brasil, entre 1894 e 1895. Apesar de não ser uma crítica de cinema, a homenagem a esta pioneira é um movimento importante de resgate e contribui para a visibilização das mulheres que pensam e escrevem sobre o audiovisual nacional (no passado e hoje).
O objetivo do coletivo é mostrar que algo precisa e pode ser feito para a equiparação de gêneros no universo da crítica, onde os grandes veículos privilegiam nomes masculinos para compor os seus quadros; os debates públicos e os júris de festivais costumam ser majoritariamente compostos por homens, e o pouco espaço destinado às mulheres dentro das próprias associações de profissionais da área.
Entre as atividades desenvolvidas pelas Elviras estão a distribuição de materiais acadêmicos sobre o assunto, discussões sobre a produção audiovisual dentro e fora do Brasil, troca de experiências profissionais e a criação de materiais para aprimoramento profissional de suas participantes, entre outras.
Mais informações na página do coletivo no Facebook: https://www.facebook.com/coletivoelviras