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Publicado por em ago 23, 2021 em Em destaque, Festival de Gramado, Notícias |

Júri da crítica escolhe “A primeira morte de Joana” como melhor filme do 49º Festival de Cinema de Gramado

O Júri da Crítica na mostra principal do Festival de Cinema de Gramado escolheu “A Primeira Morte de Joana”, de Cristiane Oliveira, como o melhor filme da 49ª edição ininterrupta do evento. Já o Júri da Crítica para a Mostra de curtas-metragens gaúchos apontou “Eu Não Sou Um Robô”, de Gabriela Lamas, como o melhor dos títulos exibidos neste ano.

Melhor Filme pelo Júri da Crítica entre os LONGAS-METRAGENS BRASILEIROS: “A Primeira Morte de Joana”, de Cristiane Oliveira.

Justificativa: O prêmio de melhor longa-metragem brasileiro pelo júri da crítica vai para “A primeira morte de Joana”, de Cristiane Oliveira, um filme que é ao mesmo tempo uma investigação factual, pessoal e cinematográfica, capaz de traduzir o ponto de vista de uma adolescente com um trabalho de câmera sensível, atento aos elementos táteis, às texturas e aos silêncios.

Melhor Filme pelo Júri da Crítica entre os CURTAS-METRAGENS BRASILEIROS: “Entre Nós e o Mundo”, de Fábio Rodrigo.

Justificativa: Na categoria curta-metragem brasileiro, o júri da crítica escolheu “Entre nós e o Mundo”, de Fabio Rodrigo, um filme sobre morte e nascimento, sobre tragédias sociais e pessoais, sensível e político ao procurar formas possíveis para temas difíceis, que são a violência urbana e o preconceito racial.

Melhor Filme pelo Júri da Crítica entre os LONGAS-METRAGENS ESTRANGEIROS: “Planta Permanente”, Ezequiel Radusky.

Justificativa: O prêmio do júri da crítica para longa-metragem estrangeiro vai para “Planta Permanente”, de Ezequiel Radusky, um estudo minimalista e direto conduzido por uma personagem que não é só o exemplar de uma classe, mas da sabedoria e resiliência daqueles que ousam sonhar e se recusam a permanecer fixados a um lugar de desigualdade e opressão.

Melhor Filme pelo Júri da Crítica no Prêmio Assembléia Legislativa – Mostra Gaúcha de Curtas: “Eu Não Sou Um Robô”, de Gabriela Lamas.

Justificativa: Por capturar o espírito do nosso período pandêmico, não apenas na temática, mas em sua execução de guerrilha; pela maneira criativa com que abastece o texto fílmico com histórias partilhadas pela internet, com humor e ousadia; e por envolver o espectador com diálogos verborrágicos, entregues com naturalidade pela atriz/diretora, o Júri da Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul premia o curta-metragem EU NÃO SOU UM ROBÔ, de Gabriela Lamas.

A composição dos júris por integrantes da Associação dos Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (Accirs) celebra nossa antiga parceria com o Festival de Cinema de Gramado, um dos mais importantes eventos do audiovisual na América Latina.

O Júri da Crítica na mostra principal teve a participação de André Bozzetti e de Daniel Rodrigues, ambos associados da Accirs, e de Joyce Pais, Ela Bittencourt e Pedro Butcher, integrantes da Abraccine. Já o Júri da Crítica na mostra de curtas-metragens gaúchos foi composto integralmente por associados da Accirs: Rodrigo de Oliveira, Siliane Vieira e Victor Hugo Furtado.

Prêmio Sedac/Iecine

Novidade nesta 49ª edição do Festival, o Prêmio Sedac/Iecine, financiado pelo Sistema Pró-cultura, por meio da Lei de Incentivo à Cultura (LIC), é voltado à valorização da produção local de longas-metragens. Oferecido pela Secretaria de Estado da Cultura (Sedac) por meio do seu Instituto Estadual de Cinema (Iecine), o Prêmio Sedac/Iecine é distribuído em várias categorias:

Melhor Filme – “Cavalo de Santo”, de Carlos Eduardo Caramez e Mirian Fichtner

Melhor Direção – Gilson Vargas, por “A Colmeia”

Melhor Ator – João Pedro Prates, por “A Colmeia”

Melhor Atriz – Luciana Renatha, Alexia Kobayashi e Veronica Challfom, por “Extermínio”

Melhor Roteiro – Carlos Eduardo Caramez, por “Cavalo de Santo”

Melhor Fotografia – Bruno Polidoro, por “A Colmeia”

Melhor Direção de Arte – Gilka Vargas e Iara Noemi, por “A Colmeia”

Melhor Montagem – Joana Bernardes e Mirela Kruel, por “Extermínio”

Melhor Desenho de Som – Gabriela Bervian, por “A Colmeia”

Melhor Trilha Musical – Cânticos Sagrados dos Orixás preservados pelos Terreiros gaúchos e Alabê Oni, por “Cavalo de Santo”

Melhor Filme pelo Júri Popular – “Cavalo de Santo”, de Carlos Eduardo Caramez e Mirian Fichtner

Prêmios Especiais junto ao Prêmio Sedac/Iecine:

Prêmio Leonardo Machado de melhor ator: Sirmar Antunes. Justificativa: “Ao longo de mais de 40 anos, Sirmar é uma presença constante no audiovisual realizado em nosso estado: esteve em mais de 40 filmes, entre curtas e longas, numa trajetória que resume boa parte da história do cinema gaúcho. Nascido em Porto Alegre em 1955, Sirmar começou no teatro ainda adolescente. Sua primeira aparição no cinema foi, justamente, na fase final do período do cinema popular dos anos 70 capitaneado por Teixeirinha: em 1979, Sirmar faz uma pequena participação em Domingo de Gre-Nal, um dos últimos grandes sucessos de bilheteria daquela época. Sirmar também deixaria sua marca no período de efervescência do curta-metragem dos anos 80: em O dia em que Dorival encarou a guarda (1986), é ele o militar que, após a confusão, apieda-se do detento e partilha um cigarro com ele. Esse clássico do cinema gaúcho, escolhido Melhor Curta em Gramado, completa 35 anos neste mesmo ano em que seu protagonista, João Acaiabe, faleceu por complicações do Covid-19. A carreira de Sirmar seguiria junto com o cinema de nosso estado, que retomou sua produção de longas-metragens no fim dos anos 90. Sirmar teve papéis de grande destaque em produções como Lua de outubro (1998), Netto perde sua alma (2001), Concerto campestre (2005), Netto e o domador de cavalos (2008) e Em teu nome (2009) – um dos filmes em que divide a cena com Leonardo Machado, que dá nome ao prêmio ora conferido ao colega. Com este prêmio, pretendemos fazer jus à inestimável contribuição de Sirmar Antunes para o cinema gaúcho: um ícone, cuja história se confunde à de nosso cinema e cuja imagem está eternizada em tantas obras que marcam nossa produção”.

Prêmio Novas Façanhas (concedido a três iniciativas do audiovisual gaúcho cuja contribuição envolve o coletivo):

Contemplado: APTC. Justificativa: “Por unanimidade, o júri concede à Associação Profissional dos Técnicos Cinematográficos (APTC/RS) o primeiro Prêmio Novas Façanhas, por sua atuação ampla e fundamental em favor do cinema e do audiovisual no Estado. Em 1985, um ano de muitas mudanças no Brasil, nascia a Associação Profissional dos Técnicos Cinematográficos do Estado do Rio Grande do Sul. Desde então, sua trajetória se confunde com a do cinema e audiovisual gaúchos. O Estado já havia conquistado alguma relevância no cenário cinematográfico nacional em décadas anteriores, seja através das produções do profícuo cinema popular nos anos 60 e 70, ou mesmo da efervescente safra super-oitista dos anos 80, mas o fomento à produção concentrava-se no eixo Rio-São Paulo. Além disso, havia uma ausência de políticas públicas em âmbito municipal e estadual. Era preciso unir esforços e mobilizar a classe para a construção de um pólo significativo de produção cinematográfica no estado. Neste cenário surgia a APTC. Através de seus representantes, a APTC também atua em diversos órgãos e entidades colegiadas, e busca ampliar sua representatividade junto ao setor, pela implementação de políticas afirmativas nos processos seletivos, e estímulo ao ingresso de profissionais integrantes de grupos minoritários em seus quadros. Durante a pandemia, a entidade exerceu importante interlocução junto ao poder público na implementação e execução dos editais da Lei Aldir Blanc de apoio emergencial ao segmento. A busca constante pelo diálogo com entes públicos e instituições, independente de governos e partidos, pode ser considerada a principal marca da instituição. Neste momento de ataque e descaso com nosso setor, a resiliência e a atuação tão marcantes da entidade, merecem todo o nosso respeito e admiração.”

Contemplado: Coletivo Mbyá-Guarani de Cinema. Justificativa: “O júri concede o Prêmio Novas Façanhas ao Coletivo Mbyá-Guarani de Cinema pelo modo inovador como utiliza o audiovisual em prol da cultura e da história das comunidades guaranis do Rio Grande do Sul. Criado em 2007 pelos professores e cineastas indígenas Patrícia Ferreira Pará Yxapy e Ariel Duarte Ortega, a partir do projeto Vídeo nas Aldeias de oficinas de formação audiovisual, o Coletivo Mbyá-Guarani tem conquistado reconhecimento em festivais e eventos nacionais e internacionais pela qualidade e importância do trabalho que desenvolve. Desde o filme inaugural Mokoi tekoá petei jeguatá – Duas aldeias, uma caminhada, de 2008, vem realizando inúmeros curtas e longas-metragens que divulgam e preservam o modo de viver dos povos originários do território do sul do Brasil. Ao registrar hábitos cotidianos nas tribos, acentuar o valor de rituais ancestrais, promover a religião e os sentidos da língua guarani, abordar questões ligadas aos problemas enfrentados com a falta de terra, matas e recursos naturais em geral, os filmes são ferramentas contra a indiferença e o preconceito em relação aos povos indígenas. As produções do Coletivo Mbyá-Guarani de Cinema têm a dimensão política de se opor à violência e à destruição que tem vitimado os povos originários ameríndios ao longo da história. Com uma câmera na mão, falando a partir de si mesmos, valorizando a riqueza de seu patrimônio holístico, interconectado com a natureza e o cosmos, os cineastas indígenas do Mbyá-Guarani reafirmam – e nos lembram – a importância do entendimento coletivo da existência. Os filmes que realizam são um instrumento na luta dos povos indígenas contra a destruição.”

Contemplado: Festival de Cinema Estudantil de Guaíba. Justificativa: “Por unanimidade, o júri concede o Prêmio Novas Façanhas ao Festival de Cinema Estudantil de Guaíba, pioneiro na educação audiovisual, que em 2021 completa 20 anos dedicados à formação de jovens estudantes. Criado em 2002, no Instituto Estadual de Educação Gomes Jardim, por iniciativa do professor de filosofia, jornalista e fotógrafo Valmir Michelon, o Festival de Cinema Estudantil de Guaíba recebe anualmente produções audiovisuais de todo o Brasil e do exterior como atividade vinculada ao currículo escolar. Na primeira edição foram inscritos menos de dez curtas e na última, em 2020, foram recebidos 1965 vídeos de curta e longa-metragem de mais de 100 países, grande parte oriundos da Índia, Irã, Estados Unidos, Itália, Argentina e Peru. Realizado com apoio nas redes estaduais de ensino e em parceria com instituições diversas, é um projeto de referência no Brasil no incentivo ao uso do audiovisual como prática pedagógica que integra alunos e professores na produção de filmes. Desde a primeira edição é realizado o Seminário Mídia e Educação e oficinas que oferecem aos professores e seus alunos referências básicas de linguagem e noções técnicas de utilização de equipamentos de captação e edição de imagens, visando estimular a produção e expressão por meio do audiovisual. Ao promover a capacidade de estudantes da rede básica de ensino de lidar com a linguagem audiovisual, o Festival de Cinema Estudantil de Guaíba contribui para a troca de experiências e expressão das diferentes características sociais, étnicas, culturais e econômicas da comunidade onde atua e aquelas às quais alcança. Ao completar 20 anos, o Festival de Cinema Estudantil, realizado com dedicação e entusiasmo na cidade de Guaíba, é uma inspiração e exemplo para outras iniciativas pedagógicas no território do Rio Grande do Sul e do Brasil que se dedicam à educação do olhar das novas gerações.”

A banca de premiação do Prêmio Sedac/Iecine foi composta por Fatirmarlei Lunardelli, atual presidente da Accirs, Pedro Guindani, do Iecine, e Liliana Sulzbach, da GramadoTur.

Seleção de filmes e mediação de debates

Além da composição de júris, a Accirs também participou das comissões de seleção e da mediação de debates.

Pedro Henrique Gomes compôs a comissão de seleção de curtas gaúchos com Richard Tavares, Leo Tabosa, Amanda Grimaldi e Camila Moraes. Matheus Pannebecker fez parte da seleção de curtas brasileiros com Milena Moura, Thaís Cabral e Jaqueline Beltrame.

Os debates dos curtas gaúchos transmitidos pela TVE tiveram mediação de Marcus Mello e da jornalista Patrícia Salvatori. Já os debates sobre curtas e longas ocorridos nas mídias sociais do festival foram conduzidos por Roger Lerina.

O 49° Festival de Cinema de Gramado ocorreu entre 13 e 21 de agosto de 2021.

> A cerimônia de entrega de prêmios está disponível na íntegra aqui

> A cobertura oficial do evento está no site do Festival de Gramado