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Publicado por em jul 12, 2017 em Artigos |

Longe demais das capitais

Por Chico Izidro, especial para o site da Accirs

A vida de uma adolescente em uma cidadezinha na fronteira do Brasil com o Uruguai é o tema de  Mulher do pai, dirigido pela gaúcha Cristiane Oliveira. É uma obra sensível e extremamente comovente, mostrando ainda o desalento que é viver num local distante e afastado – e isso é constantemente lembrado pelos seus personagens. Até lembrei agora da música dos Engenheiros do Hawaii, Longe demais das capitais.

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A garota Nalu (Maria Galant) vive com a avó e o pai cego Ruben (Marat Descartes) numa casa afastada de um vilarejo. A vida dela é radicalmente afetada quando a avó morre e Nalu passa a ter a incumbência de cuidar do pai. E os dois são quase como estranhos. Não se falam, e quando o fazem é agressivamente. O destino de Nalu, que estuda no segundo grau, é virar tecelã, assim como o pai, que vive de uma pensão do governo e do pouco que consegue vender de suas peças no mercadinho local.

“O que ganho mal dá para nós dois”, fala Ruben em determinado momento. A menina também tem uma forte curiosidade sexual e vai saciando isso com um rapaz uruguaio, sobrinho do dono da vendinha do local. Em certo momento Nalu convida a professora de artes, a uruguaia Rosário (Veronica Perrota), para dar aulas de cerâmica ao seu pai. E isso vai afetar muito a vida dos três. Nalu se sentia indiferente em relação a Ruben, e repentinamente cria um ciúme tremendo, pois Ruben e Rosário passam a se entender muito bem.

Os atores estão ótimos em cena. A estreante Maria Galant consegue transmitir toda a angústia de uma adolescente que ainda não encontrou o seu espaço no mundo e também têm dúvidas do que pode fazer da vida. Marat Descartes passa toda aquela amargura de uma pessoa que depende de outras para fazer as coisas mais simples, como se alimentar. O único porém foi a utilização de um funk para mostrar como a vida na capital, no caso Porto Alegre, é legal. A melhor amiga de Nalu passa uma semana em Porto Alegre e no retorno mostra um funk à jovem, como algo bom e moderno. Com tanto ritmo musical mais interessante e inteligente, isso foi um retrocesso.