Tormenta (2015), por Filipe Pereira
Documentário em média metragem bastante ligado as raízes gaúchas da artista biografada, Tormenta é um filme de Lucas Costanzi que narra um pouco da substancial carreira da artista plástica carioca Vera Tormenta Goulart, que trocou a localidade praiana do Rio de Janeiro pelo ambiente da Serra Gaúcha, onde sua arte poderia proliferar com maior vazão.
O filme ajuda a investigar a aura ao redor de uma artista intimamente ligada a paisagem que escolheu para ser seu lar, a cidade de Vacaria. Ao invés de produzir um recordatório que explique a trajetória da artista que já produz desde seus treze anos, a escolha do diretor foi em permitir que a própria voz de Goulart contasse em prosa e verso os momentos importantes de sua atual vivência, acompanhado das belas paisagens da Paris que a inspirou e que foi seu objeto e local de estudo, enquanto aluna da academia do Louvre.
A lucidez de Vera e a facilidade em discorrer sobre a própria vida e carreira talvez seja o maior tento da produção, uma vez que as histórias soam mais autênticas e caras do que se fossem narradas por outrem. As falas dos convidados entrevistados, entre eles o crítico de arte Ferreira Gullar, os artistas Anna Letycia Quadros, Rossini Perez e alguns parentes do personagem investigado, ajudam a testificar o quão preciosa é a obra da artífice, com mostras belíssimas de muitos de seus trabalhos.
A viagem às origens e aos lugares importantes para a formação do ideário de Tormenta ajudam a compor o quadro ao redor da mítica figura da artesã, explicando parte de suas influências, alentando um pouco o público sobre o processo de transcrição artística e sobre a obra de uma artista que merece toda a veneração que ocorre ao redor de sua vida e obra.
*Filipe Pereira é jornalista, escritor e editor do site carioca Vortex Cultural.