Tropa de Elite 2 – Corrupção e violência
por Chico Izidro
Em Tropa de Elite 2, de José Padilha, a violência continua lá, explícita. Mas desta vez o Capitão Nascimento, depois de uma frustrada tentativa de impedir um motim em Bangu 1, sai das ruas, põe terno e gravata e vai para os gabinetes. Se em Tropa de Elite 1, a luta do Bope era contra os traficantes, agora outros vilões são combatidos: os políticos corruptos e os milicianos (policiais que tomam o poder nas favelas através da violência).
Nascimento, em mais uma atuação elogiável de Wagner Moura, é promovido a Tenente-Coronel e vai trabalhar no setor de espionagem da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro. Além de seus inimigos conhecidos, ele também tem outros fantasmas para brigar: o ativista dos direitos humanos Fraga (Irandhir Soares, de Viajo porque preciso, volto porque te amo, e de grande atuação) e que ainda por cima casa com a sua ex-mulher, Rosana (Maria Ribeiro), e a distância emocional do filho (Pedro van Held), que acredita ser o pai um assassino. Nascimento também afasta-se de seu amigo André (André Ramiro), que bate de frente com o comando da polícia por seu radicalismo e por isso é afastado do Bope, sendo transferido para uma companhia de policiais considerados corruptos, como Fábio (o espetacular Milhem Cortaz).
O melhor de Tropa de Elite 2, no entanto, está na atuação de Sandro Rocha como o corrupto e violento Russo. No primeiro filme, ele tem uma rápida participação, mas que marcou, aquela da frase “se você quiser rir, tem de me fazer rir”. Aqui, ele é um assassino cruel, que não dispensa a arma nem durante uma pagodeira regada a cerveja na presença do governador carioca numa vila num sábado à tarde. Evidente que nesta cena José Padilha deu uma exagerada. Mas isso não diminuiu Tropa de Elite 2, pelo contrário. Retrata tão bem a corrupção e a violência infiltrados na sociedade brasileira.